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Painho-da-madeira encontrado em praia de Portugal é salvo e já voltou a voar

7 de fevereiro de 2010
3 min. de leitura
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O painho-da-madeira escolhe  as ilhas mais isoladas para fazer os ninhos e vive a maior parte do ano em alto-mar. Por isso, foi uma surpresa quando a ave, uma espécie ‘vulnerável’, foi encontrada nas praias da região de Leiria, em Portugal. A ave estava muito debilitada, mas conseguiu sobreviver graças aos esforços dos biólogos.


Imagem: Reprodução/DN Ciência
Imagem: Reprodução/DN Ciência

Foi uma surpresa. Há pouco mais de um mês foi encontrado um painho-da-madeira (Oceandroma castro) numa praia da região de Leiria, bem longe dos locais habituais de nidificação e alimentação. A pequena ave marinha encontrava-se debilitada, com tremuras e com peso muito abaixo do normal (apenas 27 gramas). Algumas penas estavam danificadas, especialmente na cauda, mas não havia nenhum sinal de fratura ou luxação.

E só foi possível identificá-la pelo tamanho e cauda. Os biólogos pensam que tenha vindo da colônia reprodutora dos Farilhões (ilhas Berlengas), o único local em Portugal continental onde a espécie vive. José Vítor Vingada, da Sociedade Portuguesa de Vida Selvagem, que ajudou na sua recuperação, salientou que foi a primeira vez que fizeram a recuperação desta espécie de aves com sucesso. O processo demorou 15 dias, findos os quais, o animal foi de novo posto em liberdade nas falésias do Mondego. “Assim que as aves atingem o seu peso ideal, devemos efetuar a libertação imediata. A manutenção prolongada em cativeiro começa a gerar novos problemas que normalmente resultam na morte da ave.”

A população dos Farilhões foi apenas descoberta em 1981. Além destas ilhas, onde se estima uma população de 200 a 400 casais, e cujo estatuto de conservação é “vulnerável”, a espécie distribui-se também pela Madeira e Açores. Nas ilhas Selvagens existe uma população com cerca de 1000 casais, outra igualmente importante nas Desertas, estimada também em 1000 casais, e na Ponta do Pargo, a densidade populacional é de 300 casais. De acordo com Gonçalo Elias, coordenador do portal avesdeportugal.info, “estas populações apresentam um estatuto de conservação não ameaçado”. Os Açores, curiosamente, apresentam dois núcleos de painhos-da-madeira a nidificar nas suas ilhas. Uma população de Inverno e outra de Verão. A primeira estimada em 665 a 740 casais, com estatuto de conservação “vulnerável”; e a de Verão apresenta números mais reduzidos, 250 a 300 casais, o que lhe confere um estatuto de “em perigo”, de acordo com o Livro Vermelhos dos Vertebrados.

Supõe-se que a espécie exista em Portugal há vários anos, mas a sua difícil observação fez  que fosse descrita pela primeira vez em 1851, nas ilhas Desertas. É pouco conhecida pela população em geral, uma vez que “nidifica em sítios que não são habitados, só vem a terra à noite, e a sua pequena dimensão torna-a complicada de detectar”.

Tal como a maioria das aves marinhas, nidificam exclusivamente em ilhas, para estarem a salvo de predadores terrestres, tais como gatos e ratos, que representam ameaças para os ovos os as crias. “A introdução dessas espécies acabou por tornar-se um problema sério.” Outra das ameaças é a ocorrência regular de predadores naturais, como as gaivotas (Lars cachinnans), que consomem, quando têm hipótese, juvenis da espécie. Também a perturbação provocada pelas atividades humanas junto dos locais onde nidificam pode representar uma perigo, para além da caça furtiva. “Há pessoas que recolhem ilegalmente ovos e crias dos ninhos. Houve alguns destes episódios nas ilhas Selvagens, e durante um determinado período foi preciso por o local em vigilância permanente para evitar qualquer presença humana que não fosse permitida.”

Portugal é, na zona do Atlântico, um dos poucos redutos para os painhos-da-madeira. E a libertação da ave encontrada em Leiria acabou por ser uma história com final feliz.

Fonte: DN Ciência

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