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Padre Marcelo Rossi permanece em silêncio após proferir discurso preconceituoso contra gatos

11 de outubro de 2011
3 min. de leitura
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Por Marici Capitelli

O padre Marcelo Rossi arrumou briga com os amantes dos gatos. Em uma missa no santuário na zona sul, transmitida pela televisão, ele afirmou que não gosta dos felinos porque são traiçoeiros, conforme publicado em primeira mão pela ANDA . A afirmação mobilizou protetores e tutores de animais que estão protestando nas redes sociais. Até a noite de ontem, um abaixo-assinado na internet tinha mais de 2,3 mil assinaturas pedindo que o religioso se retratasse.

(Ilustração: Reprodução/Jornal da Tarde)

A assessoria de imprensa do padre informou que ele não falaria sobre o assunto. Segundo os assessores, tudo não passou de “uma brincadeira”. Quanto a uma possível retratação, a assessoria garantiu que ainda não havia conversado com ele sobre isso.

“Não foi brincadeira de maneira alguma, se fosse, não teria levado a sério. Ele deixou claro o preconceito em relação aos gatos”, garantiu a epidemiologista Angela Bellegarde, de 48 anos, que assistiu à missa pela TV. Ela e o marido, o engenheiro Luiz Fernando Pegoler, de 61 anos, postaram um desabafo na internet. Desde então, a repercussão só aumenta.

A afirmação do padre foi feita na missa de sábado, dia 1.º, quando estavam presentes entre 10 mil a 15 mil pessoas, de acordo com a assessoria do religioso. O assunto dos gatos veio à tona quando o bispo de Santo Amaro, d. Fernando Antonio Figueiredo, brincou com os fiéis para que levassem os animais para uma bênção, já que na terça-feira era dia de São Francisco de Assis, protetor dos animais. O padre Marcelo disse, então, que gostava de cachorros e fez o comentário sobre os felinos.

Evangélica, mas admiradora do padre, a protetora Raquel de Jesus, de 52 anos, disse que ficou revoltada. “Foi um erro imperdoável. Como uma pessoa que fala das coisas de Deus rejeita uma criatura dele? O que me preocupa é o preconceito que ele incutiu em seus seguidores.”

Juliana Bussab, uma das fundadoras da ONG Adote Um Gatinho, enfatizou que esse tipo de afirmação só reforça o preconceito contra os felinos, levando aos maus-tratos e ao abandono. “É a fala de um padre católico em um país católico. É claro que isso tem peso.” Ela explicou que, quando pessoas públicas fazem esses comentários, o número de adoções cai. Em oito anos, a ONG já conseguiu lar para mais de 4 mil gatos.

A psicóloga Thelma Nóbrega Resende, de 54 anos, tutora de dez gatos, não se conforma com as declarações. “Meus gatos me amam, me esperam na porta de casa, não me largam quando estou triste. O padre deveria procurar conhecer melhor a natureza desses animais, antes de dizer um absurdo desse, que só vai condená-los ao abandono.”

Angela Caruso, do Fórum de Proteção Animal, que assinou o abaixo-assinado, enfatizou que as pessoas precisam se corrigir no que dizem. “Da mesma maneira que não se pode ofender negros, religiosos, e outros segmentos sociais, também não se pode faltar com respeito aos animais. É preciso que ele faça uma retratação para que isso não fique na cabeça das pessoas.”

Silvana Andrade, da Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA), disse que o assunto é um dos mais comentados. “Os comentários são de muita indignação. As pessoas se sentiram ofendidas.” O assunto também tomou conta das comunidades do padre na internet.

Fonte: Jornal da Tarde 

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