Desde o início de setembro, 1.369 filhotes de papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) foram apreendidos pela Polícia junto a traficantes de animais no Brasil.
O dado, divulgado pela ONG SOS fauna, coincide com o período de reprodução da espécie (setembro a dezembro), sendo a fase de maior incidência de tráfico de papagaios provenientes da região Centro Oeste do País, principalmente no estado do Mato Grosso do Sul.
Desde setembro, já foram feitas sete apreensões, sendo que em duas delas as aves estavam com as mesmas pessoas, isso em um período inferior a 15 dias.
Para Marcelo Pavlenco Rocha, presidente da ONG, a reincidência é comum nestes casos, pois a lei de crimes ambientais de 1998 abrandou as penas e considerou como delitos de menor potencial ofensivo os relacionados ao tráfico de espécimes nativas.
Rocha destaca ainda que há pouco conhecimento e vontade do poder público em punir e coibir os crimes ambientais, principalmente os relacionados ao tráfico de animais silvestres, que conforme apontamentos é a terceira atividade ilícita mais vantajosa do mundo, estando atrás apenas do tráfico de entorpecentes e do tráfico de armas.
Juliana Machado Ferreira, bióloga doutoranda da Universidade de São Paulo (USP), alerta ainda que nas apreensões realizadas nos primeiros dias de setembro foram encontradas apenas espécies com menos de 10 dias de vida.
No dia 10 de setembro, por exemplo, membros da Polícia Militar Ambiental encontraram 141 filhotes de papagaio-verdadeiro em uma casa de Batayporã, uma das cidades que concentram o tráfico de animais em Mato Grosso.
O grande número filhotes que são retirados do ninho leva à preocupação de que haja uma ruptura no ciclo de vida da espécie, onde predominariam apenas os animais mais velhos.
Sem a devida renovação, Juliana afirma que no futuro poderá ocorrer uma diminuição nas populações nativas e até mesmo a sua extinção.
O papagaio-verdadeiro é nativo das regiões de mata úmida ou seca, em beira de rios e cerradões na Bolívia, Paraguai e Norte da Argentina.
No Brasil, ocorre do Nordeste, mais especificamente no Piauí, Pernambuco, Bahia, pelo Brasil central nas Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, ao Rio Grande do Sul.
Na Natureza, a fêmea gera de três a cinco ovos por ninhada, que são incubados por quase 30 dias. A ave tem uma expectativa de vida em torno de 80 anos.
Fonte: A Tribuna