Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
Há formas óbvias de maus-tratos e crueldade contra os animais, como deixá-los famintos, agredi-los ou confiná-los em espaços inadequados. Mas existem outras formas de negligência que ainda não recebem a devida atenção, como a irresponsabilidade de deixar que um animal doméstico se torne obeso.
Um cão da raça Daschund ficou famoso nos EUA depois de perder mais da metade do seu peso corporal, passando da obesidade mórbida ao peso ideal em oito meses.
Conhecido como “Fat Vincent”, o animal foi resgatado pela organização K-9 Angels Rescue depois que seu tutor faleceu. O cão, de sete anos, mal conseguia andar na época com seus 18 kg, agora já pode correr livremente com seus saudáveis 7 kg.
A suspeita é de que tenha sido submetido a uma dieta a base de fast-food, pois apresentava colesterol alto e também sofria de depressão.
“Ele era uma graça, mas não conseguíamos diferenciar se estava sentado ou deitado de tão gordo.”, disse a veterinária Sharon Anderson à CNN. “Ele corria riscos seríssimos de desenvolver artrite, diabetes, redução da mobilidade, câncer, doenças respiratórias e até mesmo doenças no pâncreas e fígado.”
Assim que foi adotado, Vincent entrou em uma “dieta detox” e hoje aproveita o melhor da vida graças a suas caminhadas diárias, natação e alimentação equilibrada.
Sua tutora, Melissa Anderson, que o diga: “Hoje ele é o cão mais fofo, engraçado e feliz do mundo.”
Outro caso, de um cão da mesma raça chamado Obie, impressiona pelo número: 22 kg perdidos com dieta, exercícios e cirurgias para retirada do excesso de pele.
O pequeno cão, que vive em Portand com sua tutora Nora Vanatta, chegou a pesar impressionantes 35kg. Agora ele comemora a nova vida com 12kg e muito mais disposição e saúde.
Mais uma vez, o cão havia sido vítima da irresponsabilidade humana. Seus tutores antigos o encheram de comida e deixaram o animal a vida toda trancado dentro de casa.
O mesmo aconteceu com Dennis, de Ohio, que chegou à marca dos 25kg – peso equivalente a quatro daschunds miniatura.
O animal era alimentado com pizza e hambúrgueres, contrariando totalmente suas necessidades nutricionais, e precisou perder 75% de gordura corporal para recuperar a saúde.
Felizmente, foi adotado por um parente dos tutores que não se conformou com a negligência. Depois de uma mudança completa no estilo de vida, incluindo muitas atividades ao ar livre e ração especial, o cão está com 5kg e muito mais alegre.
O animal perdeu tanto peso que precisou passar por uma cirurgia para retirada do excesso de pele. A Dra. Kathleen Ham, responsável pelo procedimento, considera o caso um bom exemplo para alertar os tutores de cães sobre o problema da obesidade.
“Temos uma expressão pra isso: comida não é amor.” diz Ham. “O cão precisa de atenção, carinho e cuidados, não montes de comida.”
Epidemia de obesidade canina
Histórias como a de Vincent, Obie e Dennis são cada vez mais comuns. São cerca de 35 milhões de cães obesos ou com sobrepeso nos EUA, o que representa 45% da população canina.
Trata-se de um problema de saúde pública, pois os cães acima do peso ficam vulneráveis a diversas doenças e têm sua expectativa de vida reduzida. Um estudo recente revelou que manter o peso ideal dos cães acrescenta até dois anos a mais de vida.
Segundo a veterinária Donna Spector, a maioria das pessoas falha em reconhecer que o cão está obeso. É difícil para o tutor admitir que seu cão está 10kg acima do peso, e não apenas “tem ossos largos” ou é “fofo”.
Como controlar o peso dos cães
A equação da obesidade é muito simples: cães que consomem mais calorias do que gastam, ganham peso. Então, basicamente, o cão acima do peso precisa comer menos e se exercitar mais.
É comum que os tutores achem que “o cão come muito pouco”, mas não percebem que está completamente sedentário. Uma rotina de exercícios pode resolver o problema e render ótimos momentos entre animal e tutor.
O primeiro passo para tornar o cão mais saudável é descobrir qual o seu peso ideal, consultando um veterinário. O profissional poderá determinar a faixa de peso da raça e detectar possíveis problemas metabólicos, como diabetes ou hipotireoidismo.
Sabendo o peso ideal do cão, basta calcular as calorias do alimento oferecido de acordo com o nível de atividade física do animal. Em alguns casos, será necessário oferecer uma ração diferenciada de baixa caloria, pois as rações comercializadas são elaboradas para manutenção de peso e não perda.
Outro ponto importante é a forma como alimentamos os cães. A maioria têm comida à disposição 24 horas e come na hora que quiser e o quanto quiser, o que é um erro. Ter comida livre o tempo todo é anti-natural para qualquer mamífero.
Assim como nós, os animais também começam a comer por outras razões que não a fome – por depressão, tédio ou ansiedade, por exemplo. Por isso, o certo é oferecer de duas a quatro pequenas porções diárias de ração.
Por fim, a regra de ouro: muito exercício. Não podemos contaminar os animais, naturalmente ativos, com nossos hábitos sedentários. Cães devem passear, correr, brincar, nadar, subir escadas e, se possível, acompanhar seus tutores em seu esporte preferido.
Uma boa mudança de perspectiva é substituir guloseimas como recompensa por uma atividade bem divertida ao ar livre. Como resultado, teremos cães mais saudáveis, felizes e com muito mais tempo e qualidade de vida para aproveitarmos sua companhia.
