(da Redação)
O ouriço-preto (Chaetomys subspinosus) é um animal selvagem exótico: é um tipo de porco-espinho muito parecido com um rato. A espécie é endêmica do leste brasileiro, especificamente da região da mata atlântica.
Um estudo publicado pelo jornal Tropical Conservation Science revelou que a espécie é perseguida por caçadores, “apesar da reputação de gosto terrível de sua carne”. As informações são do Mongabay.com.
Cientistas realizaram uma entrevista com 125 pessoas que moram legal ou ilegalmente em áreas protegidas – Refúgio do Una e Parque Estadual Serra do Conduru -, e descobriram que apenas metade dos respondentes era capaz de identificar a espécie. Dentre estes, inclusive, poucos tinham uma opinião sobre o gosto da carne do ouriço-preto.
“Embora sua carne não seja cobiçada na área, o principal motivo para a caça é a alimentação humana”, escrevem os pesquisadores. “Outra motivação para a caça consiste nos usos medicinais. Alguns entrevistados em ambas as áreas citaram o uso de ouriços-pretos no tratamento de doenças, especialmente acidentes vasculares cerebrais, e para melhorar a precisão dos cães de caça”.
O ouriço-preto compartilha seu habitat com um integrante da família do porco-espinho, mais comum e conhecido, o ouriço-amarelo (Sphiggurus insidiosus). Embora às vezes um seja confundido com o outro, os dois porcos-espinhos são realmente muito diferentes. O ouriço-preto, cujos espinhos são mais parecidos com cerdas e menos propensos a causar lesões, é tão distinto que não só pertence ao seu próprio gênero, mas também a uma subfamília própria na classificação.
Além da caça, outras atividades estão prejudicando os ouriços-pretos, incluindo o corte de florestas, a extração de madeira, as queimadas e o tráfico de animais selvagens. Vários entrevistados disseram que os ouriços-pretos jovens são tidos como animais domésticos.
A fim de proteger o ouriço-preto, espécie considerada vulnerável pela Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), os pesquisadores afirmam que o programa de conservação deve se concentrar nos moradores da região, sendo que a maioria vive em situação de pobreza.
“Mais atenção deve ser dada aos moradores locais que vivem dentro e ao redor dessas áreas protegidas. A dependência dos recursos da vida selvagem, especialmente por parte de agricultores e trabalhadores, deve ser reduzida em prol da preservação”, dizem os pesquisadores, acrescentando que os esforços de educação “devem se concentrar na população rural , sobretudo nos homens, que têm atitudes negativas em relação a conservação da vida selvagem. Particularmente, os caçadores e os consumidores devem ser informados sobre como a caça ameaça a biodiversidade e meios de subsistência rurais”.
A mata atlântica brasileira é uma das mais ameaçadas do mundo. Restam apenas 7% da floresta original que se encontram em fragmentos, imensamente em risco pela invasão do desenvolvimento e pela caça. Muitos animais da Floresta Atlântica já estão extintos, enquanto outras espécies que são encontradas apenas nesse local ainda estão tentando sobreviver, como o ouriço-preto.
Abaixo o vídeo gravado no Parque Estadual Paulo Cesar Vinha, em Guarapari (ES).
Nota da Redação: Convém lembrar que o gosto da carne do ouriço-preto não é importante. Se trata de um ser vivo com valor intrínseco que não pode ser tratado como um alimento. O gosto, então, pouco importa, mas deve-se focar nas ações para proteger a espécie de qualquer tipo de intervenção humana, que já devastou seu habitat e agora agride diretamente a espécie por meio de uma matança desregrada.