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SECA

Os lagos da Grã-Bretanha estão desaparecendo; restaurá-los é vital para a vida selvagem e a resiliência climática.

1 de dezembro de 2025
Lucy Clarke
5 min. de leitura
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Foto: Sergey Denisenko/Shutterstock

Em toda a Grã-Bretanha, os lagos estão desaparecendo silenciosamente. Ao examinar mapas históricos do início do século XX para localizar antigos lagos, fiquei impressionado com a quantidade que antes pontilhava a paisagem. Hoje, mais da metade desapareceu, uma perda que ameaça a vida selvagem e nossa capacidade de lidar com as mudanças climáticas.

Isso pode ser surpreendente, já que os lagos parecem pequenos e insignificantes. Falamos sobre rios, reservatórios e pântanos, mas os lagos recebem pouca atenção, embora tenham um valor ecológico muito maior do que o esperado. Eles armazenam água, sustentam a biodiversidade e ajudam a amortecer inundações e secas. Perdê-los prejudica tanto a natureza quanto nossa capacidade de adaptação às mudanças climáticas extremas.

Restaurar lagoas – antigas e novas, rurais e urbanas – é uma das medidas mais simples e eficazes que podemos tomar. Cada lagoa é importante, desde um pequeno lago em uma fazenda até um pequeno tanque em um jardim. Juntas, elas formam redes essenciais para a sobrevivência da vida selvagem e tornam nossas paisagens mais resilientes às mudanças climáticas.

Em resumo? Os lagos e lagoas fazem muito mais do que apenas embelezar o ambiente. Eles conectam habitats, impulsionam a biodiversidade e fortalecem a resiliência climática. Restaurá-los é uma solução prática e de baixo custo que começa com algo tão básico quanto adicionar água.

Para a vida selvagem, os lagos são ecossistemas vitais e sustentam muito mais do que apenas espécies aquáticas. Eles fornecem água, alimento e habitat para insetos polinizadores, pássaros, morcegos e outros mamíferos. Fundamentalmente, anfíbios como rãs e tritões dependem de redes de lagos suficientemente próximos para que possam se deslocar entre eles. Perder essa rede, ou “paisagem de lagos”, significa o desaparecimento de espécies.

As consequências vão além da biodiversidade. Os lagos atuam como amortecedores naturais contra eventos climáticos extremos. Funcionam como esponjas naturais. Durante chuvas intensas, reduzem a velocidade da água que escoa pela superfície, armazenando-a e diminuindo os picos de inundação. Em períodos de seca, armazenam água para plantas e animais quando os riachos secam. Também podem reter carbono e filtrar poluentes, melhorando a qualidade da água.

Lagoas urbanas em parques, terrenos escolares e jardins residenciais podem fornecer importantes pontos de biodiversidade e proporcionar resfriamento local durante ondas de calor. Elas ajudam a gerenciar a água da chuva em períodos de precipitação intensa, reduzindo a pressão sobre os sistemas de drenagem. Além disso, podem conectar as pessoas com a natureza, algo comprovadamente benéfico para o bem-estar.

Mapas históricos revelam uma densa rede de lagoas que outrora pontilhavam a paisagem, mas mais da metade das lagoas da Grã-Bretanha desapareceram desde 1900. Uma pesquisa na qual estive envolvido constatou que 58% das lagoas existentes em 1900 haviam desaparecido até 2019 na região de Severn Vale, no Reino Unido, e isso ocorreu em paralelo com um declínio na densidade de lagoas e um aumento de 25 metros na distância média entre as lagoas atuais.

O declínio de lagoas é um fenômeno mundial, impulsionado por mudanças na agricultura e pelo crescimento das áreas urbanas. Com a intensificação da agricultura, esses pequenos corpos d’água passaram a ser vistos como obstáculos à eficiência. Os agricultores os aterraram para criar campos maiores e mais adequados ao uso de máquinas, enquanto sistemas de drenagem aprimorados e a captação de água secaram muitas outras lagoas. A expansão das áreas urbanas também substituiu lagoas por estradas, moradias e pavimentação.

Revitalizando lagoas

Restaurar lagoas é uma das maneiras mais simples e eficazes de aumentar a biodiversidade e a resiliência climática. Seja revitalizando corpos d’água esquecidos ou criando novos, esses pequenos habitats trazem grandes benefícios para a vida selvagem e as comunidades.

O primeiro passo é saber onde estão os lagos e onde faltam. O mapeamento dos lagos atuais mostra as lacunas, ajudando-nos a planejar novos lagos para conectar habitats e construir uma rede saudável de lagos. Mapas históricos revelam lagos perdidos que podem ser restaurados. Muitos lagos sobrevivem como “fantasmas”.

Desenterrá-las e restaurá-las é surpreendentemente eficaz. Sementes enterradas por décadas podem germinar quando a água retorna, revivendo plantas consideradas extintas na região. Em Norfolk, agricultores e ambientalistas restauraram dezenas de lagoas fantasmas, e em poucos meses elas fervilham de vida.

No entanto, você não precisa de um grande projeto de conservação para fazer a diferença. Comece pequeno. Um pequeno lago de jardim, mesmo que do tamanho de uma bacia, pode atrair rãs, insetos e pássaros. Grupos comunitários podem trabalhar com as prefeituras para revitalizar lagos abandonados em parques, jardins públicos ou áreas verdes de vilarejos. Se você tem um jardim, ou mesmo um carrinho de mão ou um vaso grande, você pode ajudar a reconstruir a rede de lagos.

A Royal Horticultural Society, instituição de caridade britânica dedicada à jardinagem, oferece excelentes orientações sobre como criar um lago de sucesso para a vida selvagem. Cada lago é importante e, juntos, eles criam as redes necessárias para a sobrevivência da fauna e flora, além de fornecerem um armazenamento vital de água.

Os lagos da Grã-Bretanha estão desaparecendo rapidamente, mas cada lago novo ou restaurado ajuda a reverter essa tendência. Restaurar lagos antigos e criar novos, mesmo em jardins e parques, é uma das medidas mais simples e eficazes que podemos tomar para proteger a vida selvagem e nos adaptar às mudanças climáticas extremas.

Traduzido de The Conversation.

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