Nos últimos séculos, o mundo testemunhou o nascimento de metrópoles pulsantes, associada a uma acelerada expansão urbana e das fronteiras da ocupação humana. Esse império do antropoceno construiu-se majoritariamente às custas da destruição da natureza, onde o desenvolvimento e o mundo natural eram opostos numa equação pelo domínio do espaço. Atualmente a importância das áreas verdes é reconhecida globalmente e cada vez mais a humanidade tem se questionado sobre quais as melhores formas de convívio entre homem e natureza. Com este desafio em mente, o botânico e paisagista Ricardo Cardim produziu o livro “Paisagismo sustentável para o Brasil: Integrando natureza e humanidade no século 21”, fruto de sete anos de pesquisa e escrita, e que foi lançado recentemente.
O pesquisador, que cresceu na metrópole paulistana, viu na sua infância parte desse processo, com quintais sendo substituídos por prédios de concreto. “No lugar das jabuticabeiras, figueiras-brava e grumixamas em meio a alegres canteiros caseiros de plantas misturadas, surgiram rígidos jardins comerciais com a monotonia das mesmas plantas ornamentais exóticas, como areca-bambu e cicas, que também estavam em muitos outros lugares, até quando eu ia para a praia e o campo”, lembra Ricardo em um dos trechos da obra.
No livro, o botânico une ciência e prática para apresentar uma nova visão do paisagismo e do relacionamento humano com a natureza, e os caminhos possíveis para superar problemas históricos de ocupação e destruição desordenada do ambiente natural.
O livro é dividido em duas partes. A primeira, dedica-se a apresentar o contexto histórico das cidades dos primeiros séculos do Brasil, a origem da escolha das plantas para o paisagismo, e os problemas atuais no paisagismo e arborização urbana no país brasileira. Já na segunda parte, Ricardo se debruça sobre os caminhos para construir um paisagismo sustentável, integrado com a biodiversidade nativa, com os biomas brasileiros e como ferramenta para restauração da vegetação.
Fonte: Oeco