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REINTRODUÇÃO

Ornitóloga flagra primeiros filhotes de ararinha-azul nascidos em vida livre após mais de 20 anos

Registros foram feitos durante visita a projeto de proteção em Curaçá, região do sertão baiano onde a ave é endêmica. Espécie foi considerada extinta na natureza desde o ano 2000.

27 de junho de 2024
Giovanna Adelle, Terra da Gente
3 min. de leitura
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Foto: Nathália Diniz

Em outubro de 2023, dois filhotes de ararinha-azul (Cyanopsitta spixiinasceram no município de Curaçá, no norte da Bahia. Junto ao macho “Bizé” e uma fêmea, ambos soltos pelo mesmo projeto de proteção, os filhotes formaram a primeira família da espécie em vida livre.

Durante uma visita nas instalações do projeto a convite da Secretaria de Turismo da Bahia, a ornitóloga Nathália Diniz acabou encontrando essa família de araras em uma propriedade do projeto, à parte das instalações principais de reprodução das aves.

“Com muita alegria venho compartilhar com vocês o primeiro registro dos dois filhotes de ararinha-azul nascidos em vida livre, juntamente com seus pais! A foto está com qualidade ruim, distante, com chuva e em situação desfavorável de luz, mas são ararinhas-azuis e o resto pouco importa! Muita alegria em poder registrá-las!”, escreveu Nathália no site Wikiaves.

Os registros foram autorizados pela gestão do projeto para finalidade de divulgação científica. O nascimento dos filhotes é considerado um marco pelos pesquisadores responsáveis pela reintrodução das ararinhas-azuis no sertão baiano.

Há cerca de 20 anos, criadores privados e zoológicos ajudaram a reunir as aves que estavam em cativeiro porque a espécie chegou a ser considerada extinta na natureza. Antes do trabalho de reintrodução, a última ararinha-azul tinha sido vista na zona rural de Curaçá e depois sumiu.

Em parcerias entre entidades e o governo brasileiro, as aves passaram a ser soltas em 2022 e, desde então, foram se adaptando ao ambiente da Caatinga, do qual são endêmicas. Os pesquisadores atribuem a extinção da espécie ao tráfico de animais silvestres e à destruição de parte do bioma.

Doutora em Ecologia pela Universidade Federal da Bahia, a ornitóloga que trabalha desde 2010 com aves menciona que a reprodução das ararinhas-azuis em vida livre ocorreu em um ninho artificial, pois elas ainda não conseguem identificas estruturas naturais.

“É um sopro de esperança ter dois filhotes nascidos em vida livre que estão desbravando o céu de Curaçá, acho que isso é o principal. Mas certeza que vai dar certo, nada é certeza pra natureza, mas acho que a gente está dando pequenos passos importantes”, afirma.

De acordo com ela, atividades de birdwatching na região ainda não estão previstas, uma vez que as aves continuam sensíveis ao ambiente pós-soltura, e acabam retornando frequentemente para as instalações do projeto.

Fonte: g1

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