Depois de muita discussão e bate-boca, os agentes de fiscalização da Sepladema decidiram cassar o alvará de funcionamento concedido aos organizadores da Exposição Nacional de Filhotes. A feira de animais estava sendo realizada nas dependências do Centro Social Urbano Mitiko Nevoeiro, no Bairro do Estádio, e a decisão foi anunciada por volta das 21h30 de sexta-feira, meia hora antes do encerramento do primeiro dia do evento. O coordenador do Centro de Controle de Zoonoses do município, Josiel Hebling, ao lado do veterinário da clínica do Grupo de Apoio e Defesa dos Animais – Gada, constataram que pelo menos quatro filhotes de seis meses de idade ainda não tinham sido vacinados contra raiva.
Os agentes de fiscalização disseram então que a saúde pública dos visitantes, bem como dos demais cães, estava em risco e, por conta disso, essa foi a decisão mais acertada. Com essa determinação, a feira de filhotes não deve mais ocorrer neste sábado e domingo, como planejado. A esperança do organizador da exposição, Nelson Serra Correia, é conseguir ainda hoje uma liminar favorável na Justiça Pública para reverter o contratempo. Mas, mesmo antes da cassação do alvará, os responsáveis pelo evento tiveram que enfrentar a ‘fúria’ de vários grupos e voluntários de proteção e defesa dos animais, que protestaram em frente ao prédio do CSU.
Roberta Escrivão de Campos, presidente do Gada, que também participou dos protestos, afirmou que, além desse problema (da falta de vacinação), muitos filhotes estariam sofrendo maus-tratos, já que segundo ela muitos cães estavam sem água. “É inaceitável esse tipo de comércio. Precisamos incentivar a doação, e não a venda dos animais”, observou Roberta. Entretanto, policiais militares ambientais que compareceram ao local contaram à reportagem do JC que nenhuma irregularidade nesse sentido havia sido constatada. Até mesmo integrantes da Comissão de Defesa dos Animais da 4ª Subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil em RC acompanharam os protestos de perto e com muita atenção.
Entre os manifestantes estava a professora Juliana Possato. Ela alega que em maio de 2011 comprou um filhote da raça Lhasa-apso de um dos criadores da feira. Aproximadamente um mês depois, o animal morreu vítima de cinomose. Além do sofrimento com a perda do animal, a professora frisa que não recebeu a atenção devida do criador responsável pela venda. Além de desembolsar cerca de R$ 600,00 pela compra do cachorro, a professora depois teve que gastar quase R$ 2 mil em medicamentos. “Mesmo assim perdi o animal. É muito cruel. Na minha opinião, alguns comerciantes só visam o lucro e não se importam nem com os nossos sentimentos. Até hoje sinto muita falta do Boomer (como era chamado o cãozinho). É difícil reparar essa perda”, finaliza. Alheias à confusão, várias pessoas compareceram ao evento, mas a grande maioria não comprou nenhum animal.
Fonte: Jornal Cidade