Por Danielle Bohnen (da Redação)
As organizações de defesa dos animais das Astúrias estão unidas em luta a fim de dar voz ante os dados preocupantes sobre o tetraz cantábrico, espécie em perigo de extinção, da Cordilheira Cantábrica, Espanha.
As associações ambientalistas consideram que os atuais dados do censo do tetraz mostram o fracasso do Governo do Principado de Astúrias, já que a espécie está quase desaparecida na zona Centro-Oeste (Conselhos de Somiedo, Taverga, Quirós, Lena, Aller, Caso, Ponga, Amieva).
O número de indivíduos machos em 1983 era de 229, já no censo de 2000 foi apontada uma redução para 50 machos. O censo atual aponta para a redução em 90%, com apenas três machos avistados e possivelmente pode haver mais dois.
Está claro que o Principado levou a cabo uma política de gestão contrária ao que sugerem os conhecimentos internacionais disponíveis em relação ao meio ambiente, já que se resume em continuar facilitando e permitindo a construção de rodovias, estradas, além de mineração a céu aberto, desmatamento, exploração desenfreada de madeira, descuido com a introdução de espécies estrangeiras e incêndios.
Paralelo a toda essa negligência, grande parte do capital está sendo destinado à construção de locais de criadeiros em cativeiro e adoções de políticas que colocam entraves ao desenvolvimento de projetos de investigação ambiental. Nem em última instância a situação do tetraz toma importância nas decisões na administração pública, ao passo que seu papel deveria levar a cabo a gestão mais adequada para corrigir essa situação.
Apesar das mudanças significativas na população desse animal, a espécie somente foi incluída na lista de Espécies Ameaçadas de Extinção em 2005. Torna-se evidente que a finalidade do plano de conservação, que era assunto prioritário da política pública, em especial conter o declive populacional do tetraz, não está em vigor. E nenhum dos objetivos está sendo cumprido:
– Recolonização das áreas abandonadas e contenção do processo de fregmentação do estado de conservação da espécie.
– A eliminação progressiva das ameaças mediante melhora do habitat.
– Pesquisas sobre formas que incentivem a união dos interesses de diversos setores produtivos com os requerimentos ecológicos da espécie.
Estamos diante de um dos fatos mais graves, que tem várias causas, mas que, evidentemente, precisam de uma leitura crítica da gestão do Principado de Astúrias, que teve como consequência:
A redução do habitat natural
É a situação mais evidente de Astúrias, devido à tolerância por parte do governo para o desenvolvimento de atividades agressivas ao meio ambiente, como estradas, rodovias, estações de ski, mineração, etc.
Incêndios florestais
Astúrias é a segunda região com maior número de incêndios e superfície queimada da Espanha, apesar de ser a menor comunidade do país. Não se vê nenhuma iniciativa para controlar e pôr fim a esse quadro, como exige a lei. Não se vê tampouco um esforço para a prevenção das queimadas.
A caça
É uma prática desenfreada que continua de forma preocupante. Foram encontradas duas armadilhas na região, muito perigosas até mesmo para as pessoas.
Competição por alimentos com outras espécies
Os ungulados domésticos e silvestres consomem o mesmo alimento do tetraz; a situação se agrava muito com a eliminação do predador desses animais, o lobo, que é caçado sem escrúpulos. Além da grande criação de gado que há na região.
Conclusões
Devido a todos os problemas citados, faz-se necessário um plano eficiente que envolva todos os setores. Dessa forma, a espécie poderá ser recuperada gradativamente. Caso contrário, o mundo assistirá ao desaparecimento do tetraz cantábrico das florestas asturianas.
Com informações de Astúrias Verde