A pesca em alto-mar provoca milhares de vítimas não intencionais, como tubarões, tartarugas e golfinhos. Esses animais acabam se enroscando nas redes quando os pescadores as recolhem com os peixes capturados, ou se ferem em equipamentos de pesca descartados no mar. Na ilha de Jeju, na Coreia do Sul, um grupo de nove golfinhos tem sofrido constantemente com essa prática, sendo ajudado por voluntários que se mobilizam para cortar as linhas presas aos seus corpos.
Cerca de 130 golfinhos vivem nas águas ao redor da ilha sul-coreana, segundo o jornal The Guardian. Muitos apresentam ferimentos profundos, resultado do contato com redes de pesca abandonadas ou colisões com barcos e jet skis.
O ativista Jeongjoon Lee, conhecido por sua atuação em defesa dos mamíferos marinhos, navega com seu barco em busca de golfinhos feridos. “Como eles não conseguem cortar as linhas sozinhos, decidimos fazer isso por eles”, contou ao jornal. “Em um dos casos, tivemos que cortar fios em dois pontos diferentes. Um estava preso no rosto do golfinho, atravessando em direção ao corpo, e o outro estava enrolado na cauda”.
O grupo de ambientalistas ao qual Jeongjoon pertence quer garantir maior proteção aos golfinhos ao buscar o reconhecimento deles como “pessoas legais”. Com esse status, os golfinhos teriam seus direitos reconhecidos, ainda que como seres não humanos.
Miyeon Kim, porta-voz da organização Marine Animal Research and Conservation, que estuda e nomeia os golfinhos, explicou o objetivo da proposta. “A ideia é que, se uma empresa ou pessoa ameaçar o direito à vida desses animais, possamos agir legalmente em nome deles para processar e tomar outras medidas”, afirmou. Ela disse ainda que diferentes organizações já tentam isso há cerca de dois anos, mas o processo é complexo e exige o apoio do governo coreano e dos moradores da ilha de Jeju.
Além de garantir direitos legais, o reconhecimento como “pessoa legal” também busca aproximar os moradores dos golfinhos, fortalecendo o vínculo e o respeito por esses animais. “É importante identificar cada indivíduo, não só para manter registros científicos, mas também para que os habitantes da ilha se conectem emocionalmente com os golfinhos. A empatia é fundamental para que a conservação funcione”, completou Miyeon.
Hoje, a única medida de proteção oficial determina que não mais que dois barcos de pesca se aproximem a menos de 100 metros dos golfinhos. Mesmo assim, segundo a porta-voz, muitos barcos – inclusive pesqueiros – violam a regra, e as organizações que os monitoram não têm autoridade para agir contra essas infrações.
Diante desse cenário, os ativistas seguem na luta por medidas legais que garantam dignidade e segurança aos golfinhos que habitam as águas de Jeju.
Com informações de : PIT