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Orcas ou espécie rara de golfinho? Especialistas divergem sobre espécie avistada perto da costa de João Pessoa (SP)

21 de fevereiro de 2024
3 min. de leitura
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Foto: Gustavo Adelino/Arquivo pessoal

Imagens de cetáceos registradas, no último domingo (18), no mar entre João Pessoa e Cabedelo pelo pescador Gustavo Adelino chamaram a atenção nas redes sociais. Muitos pensaram se tratar de orcas, inclusive a pessoa que fez o registro, mas segundo o especialista Tarcísio Cordeiro, são golfinhos-de-dentes- rugosos, uma espécie também incomum no litoral paraibano.

O pescador esportivo Gustavo Adelino conta que estava a cerca de uns 35 a 40 km da costa leste da Paraíba, entre Cabedelo e João Pessoa, em uma profundidade aproximada de 300m, quando os dois animais se aproximaram.

É importante ressaltar que, apesar de serem comumentes associadas a baleias, as orcas são uma espécie de golfinho.

“Rumavam para o sul, se aproximaram de nossa embarcação se apresentando dóceis, sem nenhum sinal de agressividade, fizeram evoluções ao lado e por baixo do casco umas 5 vezes e depois seguiram rumo ao sul do continente. Em nenhum momento tentamos interagir com os animais, nem segui-los, apenas registramos o memorável encontro nos vídeos que divulgamos”.

Gustavo Adelino disse que em 30 anos de pesca nunca tinha avistado tais animais. O pescador tem um canal na plataforma YouTube onde divulga seus avistamentos.

Divergência entre especialistas

O g1 enviou as imagens para estudiosos sobre oceanos e mamíferos marinhos.

O biólogo marinho e especialista em cetáceos da Universidade de Groningen, nos Países Baixos, Fabrício Furni, também confirma que são orcas.

“Pela coloração e também pelo tamanho da nadadeira dorsal do animal .. as orcas tem nadadeiras dorsais (que muita gente chama de barbatana) altas que são bem distinguíveis”.

João Carlos, diretor de Pesquisa e Manejo da Fundação Mamíferos Aquáticos e coordenador do Projeto Viva o Peixe-Boi-Marinho, também confirma que os animais registrados em vídeo são orcas. Ele explicou que esses animais estão presentes em toda o litoral brasileiro, mas que geralmente se concentram em águas mais profundas.

“Não é comum os encontros porque é uma espécie que fica geralmente em águas mais oceânicas, tanto é que essa avistagem aí já foi um pouco mais distante da costa. Então como nessas áreas nem sempre tem navegação, nem sempre tem pessoas utilizando os locais, essa taxa de encontro ela reduz, embora o animal como dito, tem uma distribuição ao longo aí de praticamente toda a costa”.

As orcas em tamanho adulto possuem um tamanho que varia entre 6,5 e 8 metros.

Já Tarcísio Cordeiro, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) de oceanografia, ecologia e zoologia, acredita que os animais registrados em vídeo não são orcas. Segundo o professor, são uma espécie incomum de golfinhos, de nome científico Steno Bredanesis e conhecidos popularmente como golfinho-de-dentes-rugosos.

“Bem, definitivamente não são orcas. No Youtube, tem muitos avistamentos de orcas, as manchas brancas são bem evidentes, pode conferir”.

O biólogo disse que essa espécie não é comum de ser observada, por ter uma população consideravelmente pequena. Entre 1940 e 1997, por exemplo, segundo um artigo da Pontifícia Universidade Católica (PUC), no Brasil, só foram registrados 87 aparições desses animais, incluindo encalhes.

“Ocorre em águas tropicais, mas não diria que é uma espécie comum. As populações podem ser simplesmente pequenas se comparadas com as de outras espécies”.

Adultos desta espécie de golfinhos têm um tamanho que varia entre 2,09 a 2,83 metros de comprimento e peso entre 90 e 155 quilos. Segundo o professor Tarcísio Cordeiro, no Pacífico, foi estimada uma população de 150.000 animais desta espécie, o que é considerado pouco, em comparação com a área indicada.

Boas práticas ao avistar animais marinhos

O pescador esportivo Gustavo Adelino relatou que ao avistar os animais não tentou interagir com eles, mesmo com a aproximação do barco. “Em nenhum momento tentamos interagir com os animais, nem segui-los, apenas registramos o memorável encontro nos vídeos que divulgamos”.

De acordo com um manual do Ministério do Meio Ambiente, o pescador agiu corretamente. É terminantemente proibido tentar tocar em qualquer espécie de cetáceo, assim como fornecer qualquer tipo de alimento ou despejar qualquer tipo de detrito, inclusive água. Também é proibido interromper, perseguir ou tentar alterar o curso de deslocamento dos animais.

Fonte: G1

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