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HABITAT AMEAÇADO

Orcas, baleias e outras espécies marinhas sofrem com contaminação química nos oceanos

19 de outubro de 2023
Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Uma nova análise de pesquisa revelou que mais de uma centena de espécies de vida selvagem de todos os continentes estão contaminadas com retardadores de chama altamente tóxicos, um problema que provavelmente está contribuindo para o declínio populacional de algumas delas. Essa poluição alarmante afeta desde ouriços-do-mar a linces e raposas do Ártico, atingindo níveis críticos em espécies ameaçadas, como pandas vermelhos, chimpanzés e orcas.

A análise, que se baseou em cerca de 20 anos de pesquisa sobre retardadores de chama, inclui um mapa interativo que rastreia a localização e os tipos de animais contaminados. Isso destaca a extensão da contaminação e os perigos que ela representa para a vida selvagem em todo o mundo.

Lydia Jahl, autora principal do estudo, expressou sua surpresa com a extensão da contaminação. “É doloroso que o avanço humano não leve em conta os impactos na saúde de nós mesmos e da vida selvagem. As pessoas que poluem não são as mais afetadas – são as comunidades cercadas, as tartarugas, os golfinhos, as raposas e as borboletas”, lamentou.

Os retardadores de chama são produtos químicos perigosos usados em uma ampla gama de produtos de consumo, desde móveis a eletrônicos e interiores de automóveis, com o objetivo de reduzir os riscos de incêndio. A análise identificou altos níveis de retardadores de chama antigos, como PCBs e PBDEs, bem como produtos químicos substitutos mais recentes, como parafinas cloradas e organofosforados, em todo o mundo. Todos esses produtos químicos são considerados tóxicos, com ligações a problemas de saúde, como câncer no fígado, na tireoide e nos rins, além de impactos negativos no desenvolvimento de crianças, como prejudicar o QI, a atenção e a memória.

Os efeitos adversos dos retardadores de chama em humanos são semelhantes aos que afetam os animais. Essa é uma consequência lamentável de produtos químicos que originalmente deveriam proteger contra incêndios.

A maioria dos retardadores de chama persiste no ambiente por longos períodos, levando décadas para se degradar. Isso resulta na acumulação desses produtos químicos em animais à medida que predadores maiores consomem organismos menores, afetando toda a cadeia alimentar. Os níveis mais alarmantes foram encontrados em grandes mamíferos marinhos e aves de rapina, suspeitando-se que esses produtos químicos contribuam para o declínio das populações de baleias assassinas, causando danos aos filhotes e afetando o sistema imunológico da espécie.

Os retardadores de chama também são altamente móveis e podem viajar longas distâncias pela água e pelo ar. Por exemplo, foram encontrados em níveis elevados em chimpanzés em um parque nacional protegido no interior da África, muito longe de locais de produção ou descarte desses produtos químicos.

Além do impacto ambiental, os retardadores de chama muitas vezes são considerados ineficazes na maioria das aplicações, sendo baseados em padrões da década de 1970, quando materiais inflamáveis eram mais comuns. A falta de dados sobre a eficácia e a toxicidade desses produtos químicos na época resultou em sua utilização generalizada.

Alguns estados e países estão revendo padrões de inflamabilidade e reduzindo o uso desnecessário de retardadores de chama. No entanto, a limpeza desses produtos químicos do meio ambiente é extremamente desafiadora, pois eles se disseminam no solo, na água, no ar e estão presentes na maioria dos seres humanos e animais.

De acordo com Lydia Jahl, muitas dessas normas acabam causando danos duradouros e generalizados, sem oferecer benefícios reais. Ela enfatiza a necessidade de repensar a utilização desses produtos químicos e a busca de alternativas mais seguras e eficazes, a fim de proteger a saúde ambiental e a vida selvagem.

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