Na filmagem, ela aparece parada dentro da piscina de apenas 12 metros, onde está desde 1992, e sozinha há 24 anos, desde que a orca Belén morreu em 2000. Kshamenk mede mais de 6 metros e pesa 4 toneladas.
Organizações argentinas, como a Derechos de Animales Marinos (DAM), compartilharam diversos vídeos da orca em situações semelhantes. Eles denunciam o Aquário Mundo Marino, onde Kshamenk vive, de maus-tratos, abusos e de ter sequestrado o animal sem ter posse ou direito legal sobre ele.
“Você sabia que os cetáceos se orientam pelo sonar, que a vida deles depende do som? Você sabia que os ruídos dos motores dos filtros das piscinas, os gritos e aplausos das pessoas e o concreto das piscinas prejudicam o sonar deles, e eles têm de anulá-lo para suportar o cativeiro? Você sabia que os golfinhos e Kshamenk passam 23 horas por dia flutuando sem fazer nada, como se você estivesse em uma cela de isolamento, sem ter cometido nenhum crime? Você sabia que esses animais são mantidos com fome para que obedeçam às ordens dos treinadores e possam fazer bem o espetáculo de circo?”, escreveu a ONG em uma publicação.
Campanhas online, como as do site de abaixo-assinado Change.org, acumulam mais de 730 mil assinaturas que pedem “liberdade para Kshamenk”.
Segundo o site do Mundo Marino, ela foi resgatada por pescadores “depois de ficar encalhada com um grupo de orcas em uma área pantanosa da baía de Samborombón” e que, após a reabilitação, não teria mais condições de voltar a viver na natureza. O aquário também afirma que Kshamenk “é uma orca saudável, curiosa, ativa e afetuosa que gosta de jogos e atividades com seus cuidadores” e tem uma equipe composta por oito cuidadores, três veterinários e sete especialistas externos.
Kshamenk vive em uma piscina conectada a outras quatro menores, preenchida com seis milhões de litros de água retirada de um poço. Essa orca consome cerca de 100 quilos de peixe diariamente, sejam eles frescos ou congelados.
Dependendo da época do ano, ela participa de diferentes shows, em que realiza truques como sair da água, acenar, esguichar água, saltar e se mover ao ritmo da música, sob comando de seus treinadores.
Na natureza, Kshamenk nadaria cerca de 400 quilômetros por dia. No cativeiro, no entanto, sua principal atividade física é dar cerca de 500 voltas na pequena piscina onde passa toda sua vida.
Parque conhecido pelo show com orcas, o SeaWorld, nos EUA, informou em 2016 que encerraria seu programa de reprodução de orcas em meio a críticas sobre como tratava os animais em cativeiro. Três anos antes da decisão, o documentário “Blackfish” contou a história de Tilikum, um animal que matou seu treinador em 2010. O macho morreu em 2017, aos 36 anos.
Fonte: O Globo