(da Redação)
Rajang, um orangotango de 47 anos de idade que vive confinado no Colchester Zoo na Inglaterra, foi filmado beijando a barriga da gestante Maisie Knight através do vidro de seu recinto. Knight, de 23 anos, estava com 37 semanas de gestação quando visitou o local com o seu marido Jamie Clarke, no dia 13 de julho.Segundo a reportagem do Huffington Post, apesar de não se saber o significado desse gesto do animal, o site do zoológico tenta descrever Rajang, que ficou órfão um mês depois do seu nascimento, desta forma: “A razão pela qual os funcionários e visitantes adoram Rajang é porque ele é muito interativo e se relaciona com as pessoas, enquanto os outros indivíduos não fazem o mesmo”.
Embora seja dito na reportagem que o animal beijou a barriga de Knight voluntariamente, ao examinar o vídeo percebe-se que isso não é verdade. A mulher encosta a barriga no vidro, e ela e o marido “pedem” que o animal a beije. Ele hesita um pouco e finalmente faz isso duas vezes.
No entanto, o olhar de Rajang logo após ter feito aquilo não é exatamente um olhar de reverência ou amor. É um olhar triste, perdido, ressentido e subjugado. A postura do animal é de apatia e imobilidade.
Em seguida, o casal repete a indução, com Knight encostando novamente a barriga no vidro. Dessa vez, Rajang apenas encosta a sua cabeça no vidro, como se estivesse ávido por um carinho. O casal escarnece dele, como fez o tempo todo. Poderia ser escrita uma tese antropológica, somente em cima dessa breve cena interativa.
Não é preciso ser especialista em animais selvagens para saber que o gesto de Rajang significa simplesmente que ele tem inteligência e capacidade de raciocínio, já comprovadas em inúmeras espécies de animais não humanos e, sobretudo, sensibilidade.
A sua atitude – excetuando-se a tristeza em seu olhar e a postura de subordinação – é equivalente à de uma criança humana, comparação que pode ser feita igualmente em inúmeros casos de animais não humanos, e talvez eles sejam isso mesmo, em suas essências.
É uma pena, no entanto, que Rajang, como milhões de outros, vivam confinados por toda a vida para servir a propósitos mesquinhos dos seres humanos.
Pode-se dizer, com certeza, que há uma infinidade de “Rajangs” encarnados em corpos diferentes – em zoológicos, circos, jaulas estéreis de laboratórios, gaiolas ornamentais, socados em carrocerias a caminho do abate, nas arenas de rodeio e touradas, em rinhas, vaquejadas, festivais cruéis, filas de matadouros, em celas de gestação, nas matas sendo caçados – ou nas águas mordendo iscas pelo mero prazer de um pescador.
Ou ainda, em abrigos de animais à espera de um olhar ou de um toque, e nas ruas, na forma de equinos extenuados puxando carroças, feridos e sem ajuda, ou em forma de cães e gatos atropelados sem socorro, ou sendo espancados, envenenados e maltratados por estarem famintos procurando comida.
Todos oprimidos, massacrados, cheios de sentimentos contraditórios como amor e tristeza, vivendo e morrendo profundamente incompreendidos e sem conseguir compreender por que não são ou não foram reconhecidos sequer como seres vivos pelos humanos.
Embora seja dito na reportagem que o animal beijou a barriga de Knight voluntariamente, ao examinar o vídeo percebe-se que isso não é verdade. A mulher encosta a barriga no vidro, e ela e o marido “pedem” que o animal a beije. Ele hesita um pouco e finalmente faz isso duas vezes.
No entanto, o olhar de Rajang logo após ter feito aquilo não é exatamente um olhar de reverência ou amor. É um olhar triste, perdido, ressentido e subjugado. A postura do animal é de apatia e imobilidade.
Em seguida, o casal repete a indução, com Knight encostando novamente a barriga no vidro. Dessa vez, Rajang apenas encosta a sua cabeça no vidro, como se estivesse ávido por um carinho. O casal escarnece dele, como fez o tempo todo. Poderia ser escrita uma tese antropológica, somente em cima dessa breve cena interativa.
Não é preciso ser especialista em animais selvagens para saber que o gesto de Rajang significa simplesmente que ele tem inteligência e capacidade de raciocínio, já comprovadas em inúmeras espécies de animais não humanos e, sobretudo, sensibilidade.
A sua atitude – excetuando-se a tristeza em seu olhar e a postura de subordinação – é equivalente à de uma criança humana, comparação que pode ser feita igualmente em inúmeros casos de animais não humanos, e talvez eles sejam isso mesmo, em suas essências.
É uma pena, no entanto, que Rajang, como milhões de outros, vivam confinados por toda a vida para servir a propósitos mesquinhos dos seres humanos.
Pode-se dizer, com certeza, que há uma infinidade de “Rajangs” encarnados em corpos diferentes – em zoológicos, circos, jaulas estéreis de laboratórios, gaiolas ornamentais, socados em carrocerias a caminho do abate, nas arenas de rodeio e touradas, em rinhas, vaquejadas, festivais cruéis, filas de matadouros, em celas de gestação, nas matas sendo caçados – ou nas águas mordendo iscas pelo mero prazer de um pescador.
Ou ainda, em abrigos de animais à espera de um olhar ou de um toque, e nas ruas, na forma de equinos extenuados puxando carroças, feridos e sem ajuda, ou em forma de cães e gatos atropelados sem socorro, ou sendo espancados, envenenados e maltratados por estarem famintos procurando comida.
Todos oprimidos, massacrados, cheios de sentimentos contraditórios como amor e tristeza, vivendo e morrendo profundamente incompreendidos e sem conseguir compreender por que não são ou não foram reconhecidos sequer como seres vivos pelos humanos.