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Operação tenta salvar mais de 50 mil peixes no Rio dos Sinos, em São Leopoldo (RS)

12 de dezembro de 2011
3 min. de leitura
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(Foto: Reprodução/Correio do Povo)

Animais foram retirados do ponto mais poluído do manancial, em São Leopoldo, e levados à Prainha Dourada, em Sapiranga, por técnicos do consórcio Pró-Sinos durante o fim de semana.
Mais de 50 mil peixes ganharam fôlego no Rio dos Sinos neste fim de semana. Entre sábado e domingo, eles deixaram o trecho mais poluído do manancial, em São Leopoldo, e foram levados à Prainha Dourada, em Sapiranga, onde o nível e a qualidade da água são bem melhores.
Segundo o diretor-executivo do Consórcio Público de Saneamento Básico da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos (Pró-Sinos), Julio Dorneles, que coordenou a operação batizada de Piracema, a intenção é garantir a sobrevivência dos animais no período de reprodução.
No sábado, dia 10, no trecho leopoldense, entre a foz dos arroios Portão e João Corrêa, as medições do Pró-Sinos indicaram números assustadores. O oxigênio dissolvido era zero em diversos pontos, sendo que o mínimo aceitável para a sobrevivência dos peixes é 2 miligramas por litro. A condutividade estava em 205 microSiemens por centímetro (µS/cm), quando o máximo aceitável é 80 µS/cm, o que indica grande quantidade de metais pesados, e a temperatura estava em 25 graus  – o ideal é entre 20 e 22 graus no verão. “Com esses números não tem como sustentar a vida”, alerta Maurício Prass, técnico responsável pela medição.
A escassez de chuva que se abate sobre a região nos últimos 45 dias agrava o problema. Com a baixa vazão da água, a ação de efluentes químicos e domésticos é potencializada, a temperatura aumenta e a capacidade de autodepuração do manancial fica reduzida. Somados, esses fatores diminuem a quantidade de oxigênio e os animais não resistem. Domingo, 11, o nível da água chegava a 50 centímetros, do solo à superfície, nos trechos considerados mais críticos.
Segundo Julio Dorneles, a transposição dos peixes que agonizavam em São Leopoldo por causa da desoxigenação garante que eles consigam se deslocar o rio em direção à parte alta e, assim, se reproduzam normalmente. “É uma medida emergencial diante da situação que estamos enfrentando”, justifica. Em Sapiranga, na região para onde os animais foram levados, a quantidade de oxigênio tem se mantido em 4 mg/L. No próximo sábado a operação será repetida, a partir das 06 horas da manhã.
A transposição
A Operação Piracema contou com o apoio de soldados do Corpo de Bombeiros, que ajudaram na captura dos peixes, e da Brigada Militar e da Polícia Rodoviária Federal, que escoltaram o comboio que os transportou.
Os animais eram pegos nas proximidades do Instituto Martim Pescador, ao lado da ponte da BR 116, em São Leopoldo, com uma rede de pesca especial, para não machucá-los, e despejados em quatro tanques oxigenados, de mil litros cada, instalados na carroceria de um caminhão.
Nos cardumes capturados estavam espécies como mandinho, jundiá, grumatá, pintado, dourado e voga, que, segundo Dorneles, é a mais sensível à falta de oxigênio. “Quando esses peixes começam a agonizar servem de aviso”, diz o diretor do Pró-Sinos. Ele esperava remover um número bem menor de animais. Entretanto, como todos eram pequenos, em fase inicial de desenvolvimento, foi possível chegar a mais de 50 mil. Apenas 200 não resistiram. O percurso até Sapiranga é de aproximadamente 18 quilômetros e foi feito duas vezes no sábado e uma no domingo. Cada viagem custa em torno de R$ 1 mil.
Fonte: Novohamburgo.com

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