Com a proximidade do período reprodutivo de papagaios e araras no Cerrado, a Polícia Militar Ambiental do Mato Grosso do Sul iniciou, 24 de agosto, mais uma operação para coibir a retirada de ovos e filhotes de ninhos por traficantes de fauna. A Operação Bocaiúva, como é nomeada, abrange a região do 2º Batalhão, que compreende a bacia do rio Paraná, englobando os municípios de Dourados, Costa Rica, Cassilândia, Três Lagoas, Bataguassu, Batayporã, Naviraí, Amambai, entre outros.
A ação se estenderá até dezembro. O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva), a arara-canindé (Ara ararauna), arara-vermelha (Ara chloropterus), além de maritacas e periquitos, são os principais alvos dos traficantes de animais neste período. O Fauna News já publicou reportagem explicando como funciona a ação desses criminosos.
Entre setembro e dezembro, traficantes de fauna que coletam ovos e as pequenas aves de seus ninhos e as enviam para centros urbanos, onde serão vendidas como bichos de estimação. São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná recebem a maioria dessas aves. O presidente da ONG SOS Fauna, Marcelo Pavlenco Rocha, que há décadas acompanha o tráfico dos papagaios-verdadeiros do Cerrado e Mata Atlântica do Centro-Oeste, destaca que mais de doze mil filhotes da espécie chegam anualmente na Região Metropolitana de São Paulo para abastecer o comércio ilegal.
De acordo com a subcomandante do 2º Batalhão, major Thamara Moura, “os policiais serão responsáveis por intensificar barreiras e fiscalizações nas proximidades e acessos às áreas de ninhais, prevenindo a retirada de filhotes dos ninhos”. Em 2023, a operação apreendeu 341 aves e aplicou R$ 1.462.500,00 em multa, com nove pessoas detidas.
O 1º Batalhão da Polícia Militar Ambiental informou que irá começar a mobilização para a operação na próxima semana.
Integração para combater o tráfico de animais
No Mato Grosso do Sul já foram registrados cerca de 12.500 filhotes apreendidos pela fiscalização nos últimos 35 anos. Quem traz esse dado é a idealizadora e responsável pelo Projeto Papagaio-verdadeiro, a zootecnista Gláucia Helena Fernandes Seixas.
Gláucia reforça que toda ação de fiscalização e execução da legislação ambiental é fundamental para a conservação dos papagaios-verdadeiros na região, mas ela acredita que o tráfico só será combatido quando houver integração de diferentes instituições.
“Órgãos de fiscalização e controle, instituições policiais e instituições do judiciário precisam criar ações integradas. Só assim os infratores serão interceptados e responderão, de fato, por esse crime cruel e intenso, que acontece no Pantanal há mais de 30 anos”, completou.
Fonte: Fauna News