Uma operação contra o comércio ilegal de animais silvestres e de armas para caça foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (26/08) em 12 municípios do Estado, com o cumprimento de 46 mandados de busca e apreensão. Foram apreendidas 105 aves silvestres e presas quatro pessoas durante a ação, coordenada pela delegacia de Esteio, com apoio da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana. O trabalho também combateu crimes de maus-tratos a animais e a prática de caça ilegal.
A operação ocorreu após três meses de investigações. Os mandados foram cumpridos em Esteio, Canoas, Nova Santa Rita, Viamão, Gravataí, Alvorada, São Leopoldo, Parobé, Rio Pardo, Venâncio Aires, São Jerônimo e Santa Cruz do Sul. As ações começaram às 7h e seguiram até pouco antes do meio-dia.
Diferentes espécies foram resgatadas nesta manhã, como caturrita, canário-da-terra, trinca-ferro, cardeal, coleirinho, azulão, calafate, bandeirinha, gaturamo-rei, cais cais e azulinho. Os animais serão encaminhados ao centro de triagem de animais silvestres do Ibama.
Três pessoas foram presas em flagrante por porte ilegal de arma de fogo em Rio Pardo. Segundo a polícia, seriam caçadores ilegais.
A outra prisão em flagrante foi efetivada contra o tutor de um cachorro, por maus-tratos. O cão foi resgatado de uma casa em Esteio. Ele era mantido em um canil e estaria sem água, doente e sem receber assistência veterinária. O cão será levado ao setor de Bem Estar Animal da prefeitura do município. Outras 10 pessoas foram autuadas e assinaram termos circunstanciados.
A ação também apreendeu três armas – uma pistola calibre 32, uma carabina de pressão e uma espingarda calibre 20, além de munição, aparelhos telefônicos e cerca de R$ 4,5 mil em espécie em uma casa de Rio Pardo.
A Operação Arca é uma ação permanente da Polícia Civil desde 2019 e investiga maus-tratos a animais em geral.
Durante as investigações que levaram à ação nesta sexta, a polícia identificou que os envolvidos formavam uma associação criminosa, com atuação em todo o Estado, que comercializava animais silvestres e armas ilícitas destinadas principalmente à caça ilegal.
O esquema é considerado organizado e de forte atuação, segundo a delegada Luciane Bertoletti, titular da delegacia de Esteio. Em conversas nas redes sociais, os suspeitos negociavam pássaros e armamento, além de trocarem imagens de animais mortos durante as caças.
As aves eram comercializadas pelas redes sociais, em grupos abertos e fechados, assim como armas usadas na caça, que é ilegal. Também há denúncia de maus-tratos contra esses animais. Além disso, algumas aves já chegavam mortas ao Estado, em razão das condições em que eram trazidas, afirma a delegada.
Conforme a polícia, as aves tinham preços variados e algumas chegavam a quase R$ 2 mil. A investigação também identificou a negociação de um macaco-prego.
É um comércio milionário, porque cada ave pode custar até R$ 1,8 mil. Além das aves, havia também a negociação de outros animais, como de araras, que vêm do Mato Grosso, e de um macaco-prego, que vem do Amazonas e seria comercializado por R$ 5 mil. É um comércio bem forte, e junto dele há a venda de armas também, porque tem muito caçador ilegal atuando junto, especialmente na região de Rio Pardo, explica a delegada.
Segundo o diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, delegado Mario Souza, o perfil de quem compra animais silvestres é variado.
São pessoas que, às vezes, não sabem que a compra desses animais se trata, sim, de um crime grave. Outras querem ter o animal para ornamentação, domesticá-los, o que não se enquadra. Outros querem revender, usar em alguma competição. São perfis variados, mas em geral são pessoas com bom poder aquisitivo, pois os valores são altos, relata Souza.
O trabalho nesta sexta-feira contou com o apoio da delegacia de Rio Pardo, chefiada pelo delegado Anderson Faturi, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Esteio. A operação mobilizou 155 policiais civis.
Fonte: GauchaZH