A Polícia Civil investiga a morte de 11 emas no parque Zoo Safári (antigo Simba) de São Paulo. As aves de grande porte foram encontradas com pescoços cortados e cabeças arrancadas, na madrugada de domingo, pelos funcionários do local, mas a polícia só foi avisada dois dias depois. O caso ocorre seis anos depois que 56 animais foram envenenados no zoológico, que tem entrada para o Zoo Safári.
O mistério da morte das emas foi informado anteontem ao 83.º Distrito Policial pelo chefe daquela seção do parque, José João Gomes, de 39 anos. Gomes chegou às 12h30 ao distrito e contou aos policiais que no sábado à noite e na madrugada de domingo funcionários do antigo Simba viram “três cães vira-latas” invadirem o parque. Os cachorros teriam atacado as emas, “digerindo” os bichos. De acordo com Gomes, os funcionários tentaram impedir o ataque, mas não conseguiram. Não sobrou nenhuma ema no parque.
Na segunda-feira, os mesmos cães teriam sido vistos rondando um posto de saúde próximo da delegacia. Gomes tentou saber quem seria o responsável pelos cachorros, mas não conseguiu descobrir. Ele afirmou que os animais ainda estariam à solta na região.
A polícia, entretanto, acredita que é preciso apurar melhor essa versão dos funcionários. Eles querem saber se é possível que apenas três cães vira-latas consigam matar 11 emas – as maiores aves brasileiras, podendo chegar a 1,60 m e correr a até 60 km/h em situações de perigo. Policiais ouvidos pelo Estado querem saber ainda a razão da demora da Fundação Parque Zoológico de São Paulo – responsável pelo zoológico e pelo Safári – em avisar o distrito sobre as mortes.
Apuração
A fundação enviou informações sobre o caso ao Centro de Controle de Zoonoses da Prefeitura para que sejam localizados os cães que supostamente teriam matado as emas. A necessidade de uma apuração mais detalhada do caso levou ainda os policiais do 83.º DP a pedir o auxílio da 2.ª Delegacia de Crimes Contra o Meio Ambiente, cujos investigadores foram ontem à tarde ao Zoo Safári.
Os administradores do local reafirmaram aos policiais a suspeita de que cães teriam invadido o lugar por meio de uma brecha na cerca e matado as aves. “Mas não havia mais nada lá. Agora vamos aguardar os laudos da perícia sobre a morte das aves. Caso haja indício de crime, vamos abrir inquérito”, afirmou o delegado Sebastião Celso dos Santos, titular da delegacia e responsável pelas investigações.
Fonte: Estadão
Nota da Redação: Confinamento de animais em zoológicos acarreta inúmeros danos consequentes da retirada do habitat para viverem em meio artificial, não condizente com sua natureza e liberdade. Além do estresse causado pela exposição ao público, a extinção de seus instintos, que se atrofiam pela falta de utilização, os animais ainda estão sujeitos à violência externa. A alegação de um ataque por cães parece bastante inverossímil, já que onze aves foram mortas de forma exatamente igual, com a cabeça arrancada– o que exige uma investigação minuciosa para esclarecimento do que parece ter sido mais um crime. Este soma-se a tantos outros incontáveis casos de animais que, aprisionados em zoológicos, não tiveram a chance de livrar-se da violência contra eles praticadas. Lugar de animais é na natureza, longe dos olhares e interferência dos humanos.