O manifesto, que teve a adesão do Grupo Amigo Vira-Lata e de outras entidades do Município discorre a respeito de três principais pontos. O primeiro deles diz respeito à informação enviada pelo gabinete da vereadora Lu Compiani que informa que novas instalações do Canil Municipal seriam uma “reivindicação antiga (…) das ONGs que trabalham com a causa dos animais de rua”. De acordo com Milene Baldez, responsável pelo grupo, não há conhecimento de alguma ONG ou de algum grupo de proteção animal que apoie os canis municipais.
Na segunda questão, o grupo afirma que “a construção de um novo canil vai contra as novas tendências da humanidade no que tange às relações com o meio ambiente e os animais”. De acordo com Milene, em Rio Grande, o índice de abandono de animais é elevado, e os canis municipais contribuem para a deseducação da população. Por fim, o grupo considera a construção de um novo canil um desperdício de dinheiro público, já que isto não deverá resolver o problema.
A médica veterinária e representante do grupo Amigo Bicho e Companhia, que integra a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), Vanilda Moraes Pinto, afirma que o “I Seminário Regional sobre Controle Populacional de Cães e Gatos: Vivendo o Século XXI”, realizado no último sábado, 26, em Rio Grande, sintetizou o que vem sendo pleiteado junto ao governo municipal durante anos, de modo infrutífero. Os órgãos de proteção animal em geral pedem o controle reprodutivo através de uma política de esterilização de animais que vivem nas ruas e a educação da população.
“A indicação da vereadora denota que ela não entendeu a proposta, que é uma orientação a nível mundial e vai radicalmente contra os canis”, explica.
Vanilda afirmou ainda que a vereadora propõe a mudança do código de postura do Município. No entanto, ela garante que essa posição não é relevante e que os órgãos lutam para que o Município se enquadre à lei estadual 13.193/2009, que põe fim à sistemática do recolhimento/extermínio pelos Centros de Controle de Zoonoses dos municípios gaúchos e determina o estabelecimento de políticas de saúde pública relativas a zoonoses com base no controle reprodutivo de cães e gatos e na educação da comunidade para a guarda responsável desses animais.
“A vereadora falou que nós não devemos nos ater a episódios do passado, se referindo ao extermínio de cães que foi realizado em anos anteriores. Mas eu acredito que precisamos nos ater sim, porque é com os erros do passado que estruturamos a pauta para o nosso futuro. Ela, como vereadora e primeira-dama, se quisesse, poderia mudar essa situação”, disse.
Novo canil
A indicação da vereadora Lu Compiani foi aprovada pela maioria dos vereadores, com o voto contrário apenas do vereador Júlio Martins (PCdoB).
A vereadora afirma que toda a cidade precisa ter um canil. Atualmente a mantenedora do canil municipal é a Secretaria Municipal da Saúde, devido à questão de zoonoses. Ela explica que o projeto prevê a construção de um local mais adequado para a realização de procedimentos como tratamento e esterilização dos animais de rua.
“O canil atual impossibilita esses procedimentos por ter pouco espaço”, afirma. Ela esclarece ainda que o objetivo é que, no novo canil, possam trabalhar SMS e Secretaria Municipal do Meio Ambiente juntas. “Buscamos também a alteração do código de postura do Município para que possamos nos adequar à lei estadual vigente que determina que os animais sejam castrados e devolvidos às ruas”, conclui. Luciane admitiu ainda que o novo canil continuará a abrigar cães, principalmente animais mais bravios, que colocam em risco a vida da população.
Fonte: Jornal Agora