Organizações que lutam pelos direitos animais marinhos se uniram em uma campanha para libertar Kshamenk, conhecida como a “orca mais solitária do mundo”, que vive aprisionada no parque aquático Mundo Marino, na Argentina, desde 1992. Ela vive sozinha há mais de 20 anos e passa a maior parte do dia imóvel em um tanque de apenas 12 metros de comprimento.
Sua história repercutiu no último ano após a ONG Urgent Seas divulgar um time-lapse que mostra Kshamenk “definhando” em seu habitat artificial. O vídeo reacendeu debates sobre o bem-estar de animais marinhos em cativeiro e levantou denúncias sobre maus-tratos, incluindo a coleta forçada de seu sêmen para reprodução em cativeiro.
A campanha para sua libertação conta com a partipação de ONGs internacionais, como The Whale Sanctuary Project, Seaspiracy, Sea Shepherd e TideBreakers, que estão exigindo ações judiciais e legislativas para transferir Kshamenk para um santuário marinho.
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Vida em isolamento e exploração reprodutiva
Kshamenk perdeu sua única companheira, Belén, em 2000, quando ela morreu durante o parto. Desde então, a orca vive em completo isolamento.
De acordo com a The Whale Sanctuary Project, seu material genético foi extraído sem regulamentação adequada e vendido para o SeaWorld, nos EUA, onde foi usado para inseminar duas fêmeas: Kasatka (em San Diego) e Takara (em San Antonio). Ambas deram à luz filhotes de Kshamenk em 2013.
Enquanto orcas na natureza podem viver até 90 anos e desenvolver complexas estruturas sociais, em cativeiro sua expectativa de vida raramente ultrapassa 32 anos. Estudos mostram que, na natureza, os filhotes aprendem técnicas de sobrevivência com gerações mais velhas – algo impossível em tanques artificiais.
Protestos e tentativas de libertação
Campanhas pela libertação de Kshamenk já reuniram mais de 720 mil assinaturas em petições online. Ativistas pressionam o governo argentino a aprovar uma lei que proíba espetáculos com animais marinhos, batizada em homenagem à orca.
O Mundo Marino, onde Kshamenk vive, alega que o animal foi resgatado após um encalhe em 1992 e não teria condições de retornar à natureza. O aquário afirma que a orca é “saudável, ativa e afetuosa”, mas imagens mostram o contrário: ela nada em círculos repetitivos em um tanque de 6 milhões de litros de água – uma fração ínfima do espaço que teria no oceano, onde nadaria até 400 km por dia.
Ação global para mudar seu destino
Organizações internacionais, como a Urgent Seas e a Seaspiracy, estão mobilizando apoio para pressionar autoridades argentinas a libertar Kshamenk. Um processo judicial está em andamento, e as ONGs pedem que pessoas ao redor do mundo enviem e-mails às autoridades envolvidas pelo aplicativo Chilli, uma plataforma focada no ativismo climático.
“Ele passou 30 anos preso em um tanque minúsculo“, diz um comunicado das ONGs. “Agora temos uma chance real de mudar sua vida para sempre.”