Um urso foi condenado à morte na Itália por agir segundo seus próprios instintos e se defender do que ele considerou uma ameaça presente em seu habitat: humanos. O que integra a natureza da espécie foi colocado contra ela para ceifar uma vida. Grupos de proteção animal pedem que o governo não prossiga com tamanha crueldade.
A decisão de assassinar o animal se deu após dois italianos acusarem o urso de mordê-los. Fabio Misseroni, 59, e seu filho Christian Misseroni, 28, afirmaram que estavam caminhando na última segunda-feira (22) em uma trilha no Monte Peller, na região de Trentino, quando foram mordidos pelo animal, segundo entrevista concedida por Christian à CNN.
Seguindo regulamentos especistas do Instituto Nacional de Proteção Ambiental e Pesquisa da Itália, que exigem o assassinato de ursos que mordem humanos, o governador de Trentino, Maurizio Fugatti, determinou que o animal seja morto. Diante disso, autoridades passaram a tentar identificar o urso através do DNA retirado da saliva e do pelo deixados nas feridas das garras e mordidas nas roupas do pai e do filho. A combinação do DNA com os animais costuma ser feita no país através de câmeras de vigilância.
A decisão do governo, porém, não é a mesma do ministro do Meio Ambiente e de grupos de defesa animal. O ministro escreveu uma carta se posicionando contra o assassinato do urso. Na opinião dele, o animal pode ser uma fêmea protegendo filhotes.
“Somente depois de coletar certas informações científicas sobre o animal envolvido no acidente com os dois cidadãos, poderemos avaliar soluções técnicas que, na minha opinião, não devem resultar na morte do animal”, escreveu Sergio Costa a Fugatti.
Os grupos de proteção animal Animalisti Italiani e o Fundo Mundial para a Natureza, por sua vez, pediram ao governador de Trentino que a ordem que determina a morte do urso, assinada por ele, seja suspensa e que o caso seja investigado para que se descubra se pai e filho não tomaram alguma atitude para provocar o urso – o que a dupla nega ter feito.
No último sábado (27), uma petição criada pelo Fundo Mundial para a Natureza coletou 15 mil assinaturas contrárias ao assassinato do urso.