Por Raquel Soldera (da Redação)
Nas instalações do edifício do antigo Congresso Nacional, em Santiago, no Chile, representantes de ONGs chilenas e senadores de diferentes partidos realizaram uma coletiva de imprensa para exigir uma resposta do Poder Executivo sobre a posição do Chile na questão da caça das baleias e pedir apoio do país a uma proposta alternativa liderada pelo do governo da Austrália.
Os senadores Juan Pablo Letelier (PS), Francisco Chahue (RN) e o deputado Guillermo Teillier (PC), juntamente com as organizações Ecoceanos Center, Centro de Conservação Cetácea e a EcoAnimal, realizaram uma coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 03, para manifestarem a preocupação frente a negociação proposta pela Comissão Baleeira Internacional (CBI), liderada pelo comissário do Chile e atual presidente da CBI, o embaixador Cristian Maquieira.
A conferência foi realizada diante do silêncio do atual Ministro das Relações Exteriores do Chile, Alfredo Moreno, sobre o pedido formal feito por diversas organizações em 21 de abril, exigindo uma posição do governo sobre a proposta de negociação da Comissão Baleeira Internacional. Neste dia, as organizações recordaram que a posição oficial do Chile em 16 de fevereiro deste ano era “o empenho para a manutenção indefinida da moratória sobre a caça de baleias e o respeito aos santuários instituído na Comissão Baleeira Internacional”, de acordo para a comunicação oficial do ex-ministro das Relações Exteriores, Mariano Fernandez.
“Nenhum destes dois elementos faz parte da proposta a ser discutido em junho”, afirmam as organizações. Eles explicam que, pelo contrário, “a proposta envolve a eliminação da moratória que está em vigor há 25 anos e legaliza a caça de baleias em santuários estabelecidos na Comissão Baleeira Internacional, incluindo as espécies em perigo de extinção”. A proposta será discutida na próxima reunião da Comissão Baleeira Internacional em junho, no Marrocos.
As organizações disseram que as duras críticas que a proposta de Maquieira tem recebido dos governos e da sociedade civil é reflexo da falta de transparência no processo, que desde a sua criação, em 2008, foi caracterizado por reuniões excludentes, realizadas a portas fechadas, com a participação de um pequeno grupo de doze países, conhecido como o Grupo de Apoio da Comissão Baleeira Internacional.
As ONGs alertam que “a rejeição por parte dos países que fazem parte do Grupo de Apoio, como o México, Austrália, Nova Zelândia, Islândia, Estados Unidos e Japão, entre outros, é uma prova de que o país está isolado frente a um problema mundial de grande sensibilidade, e não é aconselhável que o Chile continue a promovê-lo como uma solução para os problemas da Comissão Baleeira Internacional”.
As organizações acrescentaram que a proposta não cumpre os objetivos promovidos por Maquieira, como a suposta manutenção da moratória, a suspensão das caças científicas e o controle das operações baleeiras, entre outros.
Da mesma forma, as ONGs afirmam que argumentações como “o eventual colapso da Comissão Baleeira Internacional é inaceitável”, promovido por Maquieira, não tem fundamentos. Segundo as organizações, o verdadeiro colapso da Comissão Baleeira Internacional pode acontecer se for aceita a proposta, já que os países conservacionistas terão de pagar os custos associados ao sistema de administração da indústria baleeira. “Em suma, o imposto dos chilenos e dos cidadãos da América Latina e do hemisfério sul será utilizado para financiar a revitalização de uma indústria moribunda em áreas tão sensíveis como o Santuário de Baleias do Oceano Austral”, enfatizou as organizações civis.
Com o apoio de dois senadores e um deputado de diferentes partidos políticos, as organizações pediram ao Ministro das Relações Exteriores do Chile para esclarecer a posição do país frente a proposta de negociação da Comissão Baleeira Internacional e exigiu que o Congresso chileno adote um projeto de acordo a favor da defesa da política nacional de cetáceos antes da próxima reunião da Comissão Baleeira Internacional em Marrocos.
Finalmente, as organizações pedem que o Presidente, Sebastián Piñera, “mantenha a posição abertamente conservacionista do Chile em uma questão fundamental para todos os setores, que se relaciona profundamente com o fortalecimento do direito à vida, à soberania marítima e à democracia”.
As ONGs também enfatizaram que “a adoção da moratória é sem dúvida a mais importante conquista na história da conservação marinha, e a criação do Santuário de Baleias em águas chilenas em 2008 é a conquista ambiental mais significativa do governo da ex-presidente Bachelet”.
Por isso, as organizações exigem que o presidente Piñera “não destrua a maior conquista ambiental na história da humanidade e não arrisque a efetividade dos santuários de baleias, tanto nacional como internacional, apoiando as medidas da proposta da Austrália e reafirmando o compromisso do Chile com a vida, os cetáceos e os ecossistemas marinhos. O mundo todo está observando”.
Com informações de PrensAnimalista