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MINAS GERAIS

ONG transfere 180 animais para evitar mortes durante a solta de fogos na final da Copa do Brasil

12 de dezembro de 2021
Van Santos | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Pixabay

Na noite de 2 de dezembro, a festa da torcida do Atlético Mineiro movimentou a noite em Belo Horizonte com a comemoração da conquista do campeonato brasileiro queimou fogos de artifício por toda a cidade. Neste domingo (12), o time vai enfrentar o Atlético Paranaense nas retas de final da Copa do Brasil, prevendo novas celebrações na capital. Como na maior parte das cidades brasileiras, a comemoração promete muito barulho da solta de fogos, o que vem inquietando os tutores de animais domésticos.

A advogada Ana Paula Tenório, de 32 anos, tem cinco cachorros em casa e vive um verdadeiro pesadelo em dias de jogos. “Os cachorros estouraram o portão de madeira na última comemoração para entrar em casa. A audição deles é muito mais sensível que a nossa, então, se pra gente já é ruim imagina pra eles que escutam várias e várias vezes mais.”, disse ela para o jornal O Estado de Minas.

Mesmo realizando várias tentativas para amenizar o volume do som dos fogos, Ana ainda sofre com o transtorno. “Ficamos com eles no colo e TV ligada, mas não resolve o problema. Não tem como vedar as portas e janelas e mesmo que diminua o barulho ainda é muito forte para eles”, explica Ana.

Com cinco cachorros, ela não tem outro lugar para proteger os animais. Além dos dias de jogos, a advogada sofre durante a semana com fogos e rojões soltados de forma aleatória no bairro. “Um dia, estava na praça com meus cachorros e soltaram fogos, um deles ficou tão desesperado que soltou da guia e ficou desaparecido por quatro dias. Passamos esses dias todos virando noite atrás dele, colando cartaz e rodando de carro o tempo todo”, desabafou.

Seis animais morreram em Diamantina no dia do jogo entre o Galo e o Bahia. A ONG Me Adota, responsável pelos cães, informou que os animais morreram de parada cardíaca com o abalo do som dos fogos de artifício. Para a final da Copa do Brasil, as 11 voluntárias da ONG fizeram um mutirão para levar todos os 180 animais para um sítio cedido por um colaborador.

Providências

Em Diamantina, a ONG conta com o apoio do empresário James da Albion para aprovar o projeto de lei que proíbe a venda e uso de fogos de artifício ruidosos na cidade. “Sabemos que muito precisa ser feito, mas acredito que juntar boas ideias com a iniciativa do Legislativo dará bons frutos e chegaremos longe”, disse o empresário pelas redes sociais.

Foto: Ilustração | Pixabay

Na capital mineira, um projeto de lei que proíbe o manuseio, a utilização, a queima e a soltura de fogos de estampidos e de artifícios, além de qualquer outro artefato pirotécnico de efeito sonoro, está em tramitação na Câmara Municipal até julho deste ano.

Contudo, o PL foi suspenso após os vereadores Irlan Melo (PSD), Miltinho CGE (PDT) e Wesley (Pros), optarem por realizar uma consulta popular, a fim de aprimorar o texto do projeto.

De acordo com a assessoria de imprensa do vereador Irlan Melo (PSD), as audiências públicas foram feitas em outubro e os autores do PL já fizeram as atualizações no texto, protocolando o requerimento para que o projeto volte a ser votado na Câmara.

Para Ana Paula, o projeto é essencial para garantir a segurança não só dos animais, mas também de pessoas vulneráveis, como crianças e idosos. “Comemorar independentemente do motivo é maravilhoso, mas tudo tem limite. A lei do silêncio não determina só o horário de barulho, ela também trata do limite do barulho. Quer usar fogos? Use os que não fazem barulho, são muito mais bonitos e causam muito menos transtornos”, afirmou.

Avanço

No estado de São Paulo, a Lei 17.389/2021, proíbe a queima, soltura, comercialização, armazenamento e transporte de fogos de artifício e de artefato pirotécnico de estampido em todo o território paulista. A medida foi sancionada pelo governador João Doria (PSDB) em julho, e os infratores podem ter que desembolsar até R$11,6 mil.

Foto: Ilustração | Pixabay

Em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, um Projeto de Lei de autoria do vereador Marlon Siqueira (MDB), foi aprovado pela Câmara Municipal no final do mês de outubro e sancionado pela prefeita Margarida Salomão (PT) no início de dezembro.

Além de São Paulo, o estado do Piauí também sancionou uma lei de proibição do uso de artefatos com estampido. Essas medidas vêm para amenizar os prejuízos que a solta de fogos vem provocando há décadas.

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