Desde 2009 lutando pelo bem dos animais e da população de Criciúma (SC), a Organização Não Governamental (ONG) SOS Vira-Lata pede por mais conscientização e colaboração da sociedade. Cidadãos que têm encargos comuns como trabalho e família, ainda arcam, voluntariamente com a responsabilidade de cuidar de animais vítimas de abandono. A ONG precisa de castrações, lares temporários, e apoio.
Sem uma sede fixa, nem muita estrutura, conforme a vice-presidente da organização, Janaina Sampaio, são mais de 100 animais espalhados pelas casas de voluntários. Nas feiras de adoções, realizadas mensalmente em Criciúma, somente um pouco mais da metade dos bichinhos é levado. Isso porque muitos estão doentes, machucados, e as pessoas preferem os animais saudáveis.
“Todo dia tem cães doentes nas ruas, machucados, e pelo menos uns 15 são atropelados. Nós não temos condições de tratar de todos. Precisamos de remédios, e apoio. As pessoas quando encontram algum cachorro na rua, nos ligam para irmos buscar, achando que nós prestamos alguma forma de serviço público. Mas não é assim, elas também devem ajudar os animais”, lamenta Janaina.
A necessidade de remédios, e até recursos para pagar tratamentos, cirurgias, e diversos outros procedimentos realizados em clínicas veterinárias para ajudar os animais, é algo frequente. E quem, na maioria das vezes, arca com as despesas são os próprios voluntários.
A secretária da ONG, Ariane Maccarini Virtuoso Faraco, já chegou a abrigar até 17 cães. Hoje, com oito, a voluntária afirma que não tem mais condições de ajudar tantos animais.
“Dá muito trabalho, gasto com ração, medicamento. As pessoas acham que porque eu ajudo, eles podem abandonar os animais aqui na frente. Eu ajudo àqueles que eu vejo, que eu me deparo, por minha vontade e minha responsabilidade”, explica.
Para contribuir com a ONG, conforme elas, o necessário seria mais pessoas interessadas em ajudar. “Precisamos de mais voluntários e principalmente lares temporários. Que é um local onde podemos deixar os animais até eles serem adotados. Nem que seja apenas para um, já irá ajudar muito”, pede.
Voluntárias sugerem mais castração
Conforme as voluntárias, a prefeitura de Criciúma dispõe de 500 vagas gratuitas de castrações por ano, para os dois órgãos que cuidam de animais no município: O Centro de Controle de Zoonozes (CCZ) e a ONG. No entanto, Janaina aponta que o número é insuficiente para suprir a demanda.
Conforme elas, a castração é importante para o controle da população animal e a proliferação de doenças. “Não chega nem no meio do ano e já acabam as vagas. Têm muitos animais ainda nas ruas. E quando essas vagas acabam nós temos que castrar os animais por nossa conta”, diz.
O custo do procedimento está em torno de R$200. Para Ariane o ideal seria um tipo de “Castramóvel”, pelos bairros do município, áreas onde a maioria dos animais é abandonada. “A prefeitura poderia realizar uma campanha por mês nos bairros, porque são as pessoas mais carentes que não têm condições nem orientação do bem que faz a castração”, diz.
Maus-tratos sem punição
Defender os animais é a prioridade da ONG SOS Vira-Lata, quase todos resgatados pelos voluntários são vítimas de maus-tratos e abandono. O que é considerado crime pela Lei Federal 9.605/98, que protege os animais, conhecida como Lei dos Crimes Ambientais. A pena descrita é de três meses a um ano de prisão ou multa.
No entanto, conforme as voluntárias, no município a punição não está sendo realizada. “Várias vezes já realizamos denúncias. A polícia nos apoia quando vamos até o local e descobrimos quem foi que praticou o crime. Mas, depois, nada é feito com o autor”, reclama a secretária Ariane.
Para elas o ideal seria a aplicação de uma multa, e que o dinheiro fosse para ajudar os animais. “O alega não realizar mais atendimento porque não tem recursos. Se uma multa fosse cobrada de quem abandona ou mal trata, o CCZ poderia ficar com o dinheiro e ajudar mais os animais”, aconselha.
Feira de Adoção
A próxima feira de adoção da SOS Vira-Lata será neste sábado, na praça Maria Rodrigues, em frente à igreja Assembleia de Deus, ao lado do Terminal Central.
Fonte: A Tribuna