O casal Silvana Cristina Trani e Mauro Gomes de Brito tem como missão de vida resgatar e reabilitar animais em situação de rua ou salvos de situação de maus-tratos. Engajados, eles fundaram há aproximadamente quatro anos o projeto Amado Vira-Lata, que se tornou uma ONG, e já ajudou mais de 2.500 animas que saíram das ruas e foram adotados. Eles também atuam estimulando a conscientização e o controle populacional de animais, promovendo mais de 837 castrações apenas no ano passado.
Em entrevista à ANDA, Silvana conta que a iniciativa tem como base unir pessoas que têm o mesmo sentimento, objetivo e amor pelos animais, mas esbarras em alguns obstáculos, principalmente financeiros. “Sobrevivemos de doações e com toda essa crise que estamos enfrentando, tudo ficou mais difícil. Para que o projeto sobreviva, temos que trabalhar em outras funções. Quase toda ração oferecida aos animais, é comprada por nós mesmos”, disse a protetora.
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Ela explica ainda a ONG também incentiva a sustentabilidade e o envolvimento de toda a comunidade em prol dos animais. “Temos o projeto de recolhimento de tampinhas plásticas, lacres e cartelas de medicamentos vazias. Todo esse material é vendido e o valor é revertido em castrações e tratamentos veterinários. Dessa forma, contribuímos com a retirada desse material da natureza e o que seria apenas lixo se transforma. Também fazemos palestras que falam sobre maus-tratos e abandono”.
Agora, a Amado Vira-Lata está realizando uma campanha para a construção de uma psicina para ajudar animais deficientes a realizarem exercícios e melhorarem o condicionamento físico. “A idéia da piscina surgiu quando resgatamos o Marmaduque e nos deparamos com os valores do tratamento que ele precisa. Com a construção da piscina ele conseguirá fazer o tratamento e outros três cães que resgatamos também. Além disso, poderemos ajudar outros animais de tutores que não conseguem pagar os tratamentos em parceria com veterinários amigos”, esclarece.
Entre os animais resgatados pela ONG, há muitas histórias marcantes. “Tem duas histórias que mais marcaram. Uma é a do Marmaduque resgatado em março de 2021 a outra é a do Bento. Marmaduque encontramos apenas esperando a morte chegar, caído sem ânimo. Pessoas passando e o chutando para sair do caminho. Olhos tristes, anêmico, bichos comendo sua pata enquanto ainda respirava. Logo que começou o tratamento, foi diagnosticado com babesiose em um estado bem avançado”, lembra.
E completa: “Em seguida, ele desenvolveu cinomose. Chegamos a pensar que ele não resistiria por já estar bem debilitado. Aprendemos muito com eles. São guerreiros e merecem todo nosso respeito. São símbolos de resistência. Hoje, ele se encontra paraplégico, consegue andar com as patas dianteiras, come bem, tem brilho nos olhos, brinca, reclama quando algo o incomoda. Ele cativa todo mundo. Esse é nosso Marmaduque”, afirma a protetora com carinho.
Ela recorda ainda a história do cãozinho Bento. “Ele é um SRD caramelo que foi atropelado, teve fratura no coxal e coluna e, consequentemente, parou de andar. Foi um dos primeiros que o projeto ajudou a encontrar um lar. Mesmo depois de ser atropelado ainda foi vítima de maus-tratos, sendo obrigado a passar muito tempo sozinho no meio da sujeira e, com seu grau de ansiedade altíssimo, começou a se automultilar. Quando chegou no projeto estava com suas partes posteriores todas em carne viva”.
E acrescenta, falando sobre o desfecho do caso do cachorrinho especial. “Com isso, ele teve que amputar umas das patas traseira e foi submetido a uma cirurgia bem agressiva para tirar a pata por completo. O que me marcou nele foi sua vontade de viver sua alegria. Isso nos motivou a continuar. Hoje, ele tem um lar só dele e uma vida confortável. Acho que é isso que fazemos, tentamos transformar a maldade de algumas pessoas em resultados positivos, bom para animais e pessoas”, disse.
Silvana acredita que a adoção e a conscientização sobre a proteção animal são fundamentais. “Adotar é algo que todo ser humano deveria fazer. Os animais mudam a vida para melhor, dividem momentos tristes e felizes com seus tutores. Lembrar que tem um peludinho precisando de proteção, de ajuda e de um tutor. Talvez, não consigamos mudar o mundo, mas podemos mudar o mundo daquele cão e gato que for adotado”, acredita a protetora.
Ela acredita ainda que todos podem se envolver e tornar o mundo um lugar mais gentil para os animais. “Não importa quem você seja, respeite os animais e o nosso planeta. Independente de sua religião, cor, raça ou crença. Somos responsáveis pelas mudanças no tempo, pelas doenças que nos atacam, pelo ar que respiramos, pelo sofrimento e por nosso planeta. Depende só de cada um de nós o que vai acontecer com nosso planeta. Reciclem mais o que seria lixo e se transforma em trabalho e vida, castrem seus animais evitando o sofrimento, o abandono, doem alimentos a quem precisa, amem seu próximo e quem te pede ajuda”, finaliza.
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Para ajudar a ONG, entre em contato com a Amado Vira-Lata através do perfil no Instagram (@amadoviralata).