A ONG de proteção animal Koala de União da Vitória, região sul do Paraná, foi interditada após denúncias de maus-tratos e venda de animais. A decisão foi da juíza da Segunda Vara Cível de União da Vitória, resultado de uma ação feita pelo Ministério Público (MP-PR), por meio de relatos de protetores de animais da região. A responsável pela ONG é Walkiria Machado, médica-veterinária e membro do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná (CRMV-PR). A ONG foi fechada na segunda-feira (11). O local tinha 140 animais.
De acordo com a coordenadora do setor de Defesa dos Direitos de Animais da Prefeitura de União da Vitória, Marlene Goulart Jakubiw, os animais da ONG ficavam amarrados, não tinham acesso à água e o alimento era jogado entre as fezes e urinas. “É uma situação terrível. Os cachorros ficavam amarrados em correntes de 50 cm. O chão não era limpo, eles pisavam e deitavam nos próprios dejetos. Tem valas onde eram jogados os animais mortos. É bem complicado”, desabafou Marlene.
O local, que funcionava há 22 anos, tinha sido interditado parcialmente pela 1ª Promotoria de Justiça de União da Vitória em julho deste ano, após uma visita de funcionários da prefeitura, Vigilância Sanitária e das Faculdades Integradas do Vale do Iguaçu (Uniguaçu). Na ocasião, foi determinada uma ação conjunta entre poder público e a ONG para que 170 animais fossem retirados do local, além da construção de gatis e canis entre outras melhorias sanitárias. Porém, de acordo com a advogada Soiane Rudnicki, que protocolou as denúncias, a responsável pela ONG dificultou que este trabalho fosse feito e, portanto, a organização foi interditada completamente.
Segundo Soiane, na primeira visita, a organização tinha 200 gatos e cachorros, um papagaio e um mico. “Os animais selvagens foram encaminhados pela Polícia Ambiental, porém, a responsável vai ter que explicar o que aconteceu com 60 animais que não estão mais aqui”, explicou.
Com a interdição, os cachorros e gatos ficam sob a responsabilidade da Uniguaçu e da Prefeitura de União da Vitória. “Os animais doentes vão ficar internados na clínica da Uniguaçu, já para os saudáveis, estamos procurando pessoas que possam receber estes animais, nem que seja como lar temporário”, explica Marlene.
Outro lado
A responsável pela ONG Walkiria Machado negou as acusações de que dificultou o trabalho da prefeitura e diz que foi o órgão que não cumpriu o acordo. “Se o Koala estava sujo, se o Koala estava superlotado, é porque isso é a cara de União da Vitória. Não foi ninguém da prefeitura ajudar na limpeza, não foi ninguém ajudar na arrumação das casas, ajudar com medicação ou alimentação”, explicou.
Walkiria também disse que cuida da ONG com a aposentadoria do irmão, que também trabalhava no local e com o dinheiro que recebe de consultas e traduções que faz. “Quando a juíza foi visitar lá, eu falei que era a ONG mais pobre do Paraná e ainda dizem que a gente quer enriquecer em cima dela. Nós colocamos à disposição da Justiça nossos dados para que pudessem ver se temos imóveis ou contas bancárias em alguma parte deste mundo. Temos nada”, desabafou.
A coordenadora também negou os maus-tratos. “Se isso acontecia, por qual motivo demoraram quase 23 anos para fazerem algo? Durante as reuniões com o MP-PR, eu mesma disse que se estavam me acusando disso, então, eu cederia voluntariamente a ONG para a prefeitura, mas foi a promotora que disse que isso não poderia acontecer, pois, senão, não teria o que fazer com os animais”, disse.
O CRMV- PR informou que está ciente da situação e está estudando o caso, porém ainda não vai emitir nota.
Adoção
Quem quiser adotar um dos animais que estavam na ONG, pode entrar em contato com a Prefeitura de União da Vitória no telefone (42) 3522-4748.
Fonte: G1