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MORTOS A TIROS

ONG pede investigação após macacos explorados em experimentos de laboratórios serem assassinados depois de sofrerem acidente

8 de novembro de 2025
Vivian Guilhem/ Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Ilustrativa/ Rawpixel

A organização PETA pediu ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) que investigue as empresas envolvidas em um acidente de caminhão ocorrido em 28 de outubro, no Condado de Jasper, Mississippi, que resultou na fuga de oito macacos rhesus adultos. Cinco deles foram mortos a tiros pela polícia e outros dois foram assassinados por civis. O último foi capturado apenas oito dias depois, após ser tranquilizado.

O acidente deixou o caminhão e as caixas de transporte gravemente danificados. É provável que os animais que ainda estavam confinados tenham sofrido ferimentos, mas não há indícios de que tenham recebido atendimento veterinário adequado. A PETA alerta que matar animais a tiros viola as diretrizes de eutanásia aprovadas pelo USDA, e que o transporte de animais em caixas inseguras e sem controle de temperatura infringe a Lei Federal de Bem-Estar Animal.

Segundo a organização, os macacos estavam sendo levados ao laboratório BIOQUAL, em Maryland, que acumula pelo menos 16 violações dessa lei desde 2014. O local, anteriormente conhecido como SEMÁ, mudou de nome após uma visita da primatóloga Jane Goodall revelar que chimpanzés, inclusive filhotes, viviam isolados em pequenas gaiolas em condições degradantes. A empresa responsável pelo transporte dos animais, Wildlife Transport Facilitators, também já esteve envolvida em outros episódios de negligência, como o traslado de quatro macacos idosos da Universidade de Nova York para o Centro Nacional de Pesquisa de Primatas de Washington, durante o qual um dos animais chegou em estado tão crítico que precisou ser sacrificado imediatamente.

Os macacos tinham origem na Universidade de Tulane, que possui um histórico de violações federais relacionadas ao bem-estar animal, incluindo falhas em protegê-los do frio, recintos sujos e estruturas inseguras. Já a empresa Macaquinho Pré-Labs, proprietária dos primatas, foi citada anteriormente por permitir que uma fêmea permanecesse com cerca de 90% de perda de pelos no corpo sem tratamento adequado.

O acidente mostra a crueldade e o perigo do comércio e da experimentação com primatas. A organização PETA pediu que sejam realizadas necrópsias e divulgados os registros veterinários dos animais mortos, para que a população conheça os riscos associados ao transporte secreto desses animais pelas estradas dos Estados Unidos. A entidade alerta ainda que a indústria de experimentação com macacos já provocou incidentes semelhantes em outros estados americanos, como Pensilvânia e Carolina do Sul, e que tais episódios representam, além da violação do bem-estar animal, uma ameaça real à saúde pública, com potencial de desencadear novas pandemias.

A PETA afirma que essa indústria lucra com a exploração de seres sencientes, transportando-os em caminhões sem identificação como se fossem carga descartável. Nos laboratórios, eles são infectados com vírus, submetidos a implantes no crânio e contidos por horas em dispositivos de restrição, sofrendo intensamente em experimentos que raramente produzem resultados relevantes para a saúde humana. A organização conclui que é urgente pôr fim a esse sistema cruel e desumano que coloca em risco tanto os animais quanto as pessoas.

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