Foi um momento difícil, mas determinante, o dia em que professora Simone Sales desistiu de uma viagem à Espanha que a faria decolar na carreira acadêmica. Ela decidiu ficar no país para mudar o destino de um cão que, caso não conseguisse um tutor, morreria em poucos dias. Depois de muito procurar, encontrou quem quisesse adotar o pequeno animal. Simone tomou gosto pela ação e criou o Movimento de Proteção ao Cão em Risco. Nestes três anos de existência, a iniciativa fez com que mais de 300 cães conquistassem um lar. Isso se deve, em parte, às parcerias firmadas com a Delegacia de Meio ambiente, o Ministério Público de Pernambuco e o Poder Judiciário.
Além da mobilização em prol da adoção, a idealizadora mantém 180 cães, 3 burros e 2 cavalos em um sítio de 3,5 hectares, localizado no bairro de Águas Compridas, em Olinda (PE). Apesar da ousadia, o projeto depende de doações de colaboradores, que, no momento, não são suficientes para suprir as necessidades do abrigo. O espaço Cães da Colina vive da contribuição de 115 padrinhos, que ficam livres para doar qualquer valor mensal, a partir de R$ 10. O custo aproximado para manter cada animal no abrigo é de R$ 70 por mês (referente ao pagamento de funcionários, gastos médicos e alimentação).
A autônoma Jane Farinazzo ajuda a organização financiando a estadia de Preta, uma cadela que a família da também pesquisadora encontrou há um ano, e que, por não poder abrigá-la no apartamento onde morava, instalou no sítio Cães da Colina. A distância não impede as visitas ao animal, que acontecem de três a quatro dias por semana. “Quando a gente vem para cá, a gente esquece o mundo lá embaixo, os problemas. É muito bom este espaço”, disse Jane Farinazzo, silenciando por alguns instantes para conter as lágrimas. Quanto ao valor pago à instituição, a ‘mãe coruja’ ressalta que não recompensa todo o esforço da ONG. “Acho que isso nunca paga. É irrisório”, comentou.
Já aposentada, Simone Sales gasta mais da metade da renda dos benefícios que recebe do Ministério da Saúde e do INSS com o movimento. Ela acredita que, caprichando nos cuidados com os caninos, consegue recuperá-los. “Eles se sentem seguros aqui. Recuperam a autoestima, a dignidade”, declarou a coordenadora do Cães da Colina, que nunca havia pensado em criar tantos animais de uma vez.
A coordenadora do Cães da Colina orienta que as pessoas interessadas em colaborar com o projeto realizem doações em dinheiro ou na forma de utensílios básicos aos cuidados de animais. O movimento oferece ainda a oportunidade de compra de produtos no site da organização (www.mpcolina.com), como ecobags, canetas, chaveiros e camisas. Outras informações sobre a ONG e como adotar e/ou financiar a estadia de um bichinho no abrigo podem ser encontradas no endereço eletrônico do Cães da Colina.
Fonte: JC Online