Desde o dia 12 de maio, mais de 70 cães e 6 gatos estão vivendo presos em correntes no Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, à espera de novos lares. Na noite anterior, uma tempestade derrubou duas árvores, que acabaram destruindo os canis da organização voluntária Patas Dadas. “Precisamos de 10, 15 pessoas para organizar o espaço. Todos os cães estavam bem, mas as cercas tinham caído, e casinhas ficaram destruídas”, conta Laureen Engel, integrante do Patas Dadas.
Agora, o projeto busca apoio financeiro por meio de crowdfunding no site Bicharia. A campanha, lançada com o nome “Minha vida sem correntes”, quer arrecadar R$ 30 mil, que vão ser usados para reformar os 19 canis atuais e construir outros 10, com segurança e espaço coberto para abrigar todos os bichos. Até o dia 13 de junho, é possível acessar o site de financiamento coletivo, selecionar o projeto e doar valores que variam de R$ 10,00 a R$ 500,00, além de contribuir com materiais como tijolos, cimento, areia e pregos.
O Bicharia também é uma iniciativa gaúcha. Surgiu em 2012, em Porto Alegre, mas recebe campanhas de todo o Brasil. Nomeada a partir da música Os Saltimbancos, de Chico Buarque, o Bicharia já financiou mais de 200 iniciativas. Atualmente, 14 ainda esperam a finalização da arrecadação, caso do projeto voluntário da Ufrgs.
O Patas Dadas nasceu em 2009, depois que alunos da Ufrgs encontraram vários cães assassinados por envenenamento, afogamento e por pauladas no campus. Na época, eles improvisaram um canil para abrigar os bichos que viviam por lá. Com o tempo, o projeto passou a acolher mais cães e gatos, além de atrair mais ajuda voluntária ? hoje, 60 pessoas trabalham na causa. Em seis anos, cerca de 700 animais passaram pelo Patas Dadas, e mais de 500 foram adotados. Os recursos, no entanto, não acompanharam o crescimento da iniciativa. Sem ajuda financeira da universidade, apesar de ser classificada como um projeto de extensão, a organização é mantida por doações.
“Nosso canil foi todo construído por voluntários e é bem precário: a madeira está podre, e as cercas estão bambas. Já tínhamos a ideia de fazer a reforma, mas a prioridade sempre foi vacinar e castrar os animais”, conta Laureen. Com os recursos da campanha, a nova estrutura vai dar mais segurança aos cães e permitir que todos fiquem soltos no espaço fechado, já que alguns ainda vivem presos a correntes devido à capacidade. A boa notícia é que as obras já começaram. Com os R$ 11 mil arrecadados até agora com a contribuição de mais de 190 pessoas, alguns canis já começaram a serem construídos.
Mais de 30 milhões de cães e gatos estão abandonados no País
De acordo com o Artigo 32 da Lei dos Crimes Ambientais, de 1998, “praticar ato de abuso, maus-tratos ou ferir e mutilar” animais é crime, que prevê detenção de três meses a um ano para o infratos. Apesar disso, a situação é crítica. Dados da Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda) revelam que existem mais de 30 milhões de cães e gatos abandonados no Brasil. A informação faz parte de um estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Segundo a pesquisa, há um cachorro para cinco habitantes nas grandes cidades brasileiras. Destes, 10% estão sem um lar. Em Porto Alegre, a Secretaria Especial dos Direitos Animais (Seda) recebe denúncias de maus tratos e abandono de animais pelo telefone 165 ou pelo e-mail [email protected].
Site hospeda projetos para causa animal
Os sites de financiamento coletivo são ótimas fontes de arrecadação de recursos para causas sociais. O Bicharia é um dos que reúnem projetos que buscam apoio financeiro por meio de crowdfunding. Entre eles, está a campanha para alimentar 400 animais acolhidos pelo Sítio da Eneida, que já levantou R$ 1.500,00 dos R$ 7 mil necessários.
O site prioriza projetos que pensam no cuidado dos animais a médio e longo prazo, e não apenas na situação imediata. Projetos de conscientização, campanhas de adoção ou castração, auxílio para associações são recomendados pela plataforma, que não cobra nenhuma taxa de retorno. Para receber os recursos, cada projeto precisa atingir pelo menos 50% do valor estipulado. Em caso contrário, o valor é devolvido para quem doou.
Fonte: Jornal do Comércio