Ação da Vidadigna será amanhã, na avenida Getúlio Vargas; objetivo é angariar fundos para o tratamento de um cavalo
A Organização Não-Governamental (ONG) Vidadigna de Bauru (SP) realiza amanhã, das 10h às 16h no cruzamento da avenida Getúlio Vargas com a rua Anvar Dabus, a segunda edição do “Pedágio de Amor aos Animais”.
Como o próprio nome diz, a iniciativa tem como objetivo angariar fundos que serão destinados aos animais que estão sob os cuidados da ONG, além de um destino especial para o tratamento do cavalo “Cacique”, resgatado em condições precárias de saúde no dia 9 de março deste ano na cidade.
A história do cavalo, nomeado Cacique pela ONG, que tem idade estimada de 12 anos, é muito comum a de tantos outros na cidade e evidencia uma brecha na legislação municipal que prevê a regulamentação de carroceiros desde o ano passado.
Segundo o relato do delegado Eduardo Sganzella, titular do Distrito Policial (DP) de crimes ambientais de Bauru, localizado no 1º DP, o tutor do cavalo, que teve a identidade preservada pela Polícia Civil, utilizava tração animal, ou seja, uma carroça, para transportar materiais recicláveis que coletava em Bauru até Arealva, onde mora.
Segundo o delegado, Cacique demorava em média dois dias para chegar a Bauru. No último dia 9, quando passavam pela rua Monsenhor Claro, ele não resistiu ao peso da tração e às dores que sentia e caiu no chão. A situação foi vista por um veterinário que trabalha em uma clínica na mesma rua.
“O veterinário viu o animal e foi socorrê-lo. Neste momento, uma ativista da ONG Vidadigna passava coincidentemente pelo local e resolveu parar. Ela se propôs a cuidar do animal e levá-lo a uma clínica especializada na Universidade Paulista (Unip) de Bauru, condição que foi aceita pelo tutor”, contou o delegado.
Segundo relatos do veterinário e da advogada e membro da ONG Vidadigna, Jacqueline Didier, o animal adquiriu uma inflamação crônica nas patas por conta de pedaços de pneu ou borracha que foram colocados no lugar das ferraduras e pregadas com pregos enferrujados.
O delegado do DP de Crimes Ambientais confirmou a situação. “O tutor do animal foi ouvido ontem (anteontem) e confirmou que levou o animal para colocar ‘borrachas’ nas patas. Ele disse ainda que teria condições de cuidar do cavalo, mas deixou que a ativista o levasse porque seria melhor”, acrescentou.
Cacique ficou internado durante 22 dias e se recuperou, no entanto, não poderá mais ser montado nem tracionar carroças por conta da inflamação crônica que adquiriu. Agora ele está em um local sigiloso, resguardado e sob cuidados até que a decisão judicial seja tomada.
Realidade social
A situação do cavalo Cacique e seu dono acaba por evidenciar a difícil realidade socioeconômica em que vivem tantas pessoas em Bauru e muitas outras cidades.
Geralmente os carroceiros, assim chamados por usarem da tração animal, são muito questionados por conta dos maus-tratos aos animais. Muitos desses tutores utilizam o cavalo para angariar o sustento da família e sofrem inclusive necessidades básicas, como a falta de alimento para eles próprios, portanto eles não têm a menor condição de manter um animal.
As ONGs de proteção aos animais criticam a falta de regulamentação por parte dos governos. “Essa situação deveria ser regulamentada. A lei está aí, mas não funciona, e muitos animais continuam sofrendo maus-tratos”, questiona Jacqueline.
Pedágio
Quem quiser ou se interessar por abraçar a causa pelo amor e cuidado aos animais, pode colaborar com a ONG Vidadigna passando pelo “Pedágio de Amor aos Animais” amanhã, das 10h às 16h. Qualquer quantia é bem-vinda. A estimativa da ONG é angariar R$ 1 mil para conseguir, pelo menos, pagar os custeios do tratamento do cavalo Cacique, que somaram esse mesmo valor.
Desfecho
Como a situação que envolveu o cavalo Cacique é um crime de menor potencial ofensivo, não cabe instaurar inquérito e sim um termo circunstanciado enquadrando a situação na lei ambiental de maus-tratos.
O tutor do animal já foi ouvido pela Polícia Civil em depoimento e o termo foi devidamente encaminhado ao Juizado Especial Criminal do Fórum de Bauru. Audiências serão marcadas e os depoimentos das partes envolvidas novamente tomados.
“O que pode acontecer se o tutor for julgado culpado é o cumprimento de penas alternativas, como pagamento de cestas básicas. No mínimo, ele não terá mais a tutela do cavalo”, esclareceu o delegado Eduardo Sganzella, do DP de Crimes Ambientais de Bauru.
Com informações de JCNet