Ana Claudia Koury
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Girafas e zoológicos. Há uma confusão estabelecida.
Um grupo de ativistas no campo da Proteção aos Animais assumiu uma posição diferente da nossa com relação ao assunto em epígrafe. Por conta disto, cumpre-nos publicar o seguinte esclarecimento.
Nós pertencemos ao Movimento em Defesa dos Direitos dos Animais, o MDDA. Alguns ativistas, que outrora pertenceram ao mesmo movimento, resolveram se organizar sob outra sigla – Comissão de Justiça e Direitos dos Animais.
No dia 21 de agosto, Gabriel Bitencourt, um dos coordenadores do MDDA, em sua coluna na rádio Jovem Pan, iniciou uma ação com vistas a abrir o debate sobre a intenção de se trazer girafas para o plantel do zoológico municipal.
Organizamos, a partir daí, uma série de ações que culminaram com uma audiência pública, ocorrida na Câmara Municipal de Sorocaba, no dia 11 de outubro.
Enquanto o MDDA desenvolvia suas ações, o outro grupo resolveu abraçar a mesma bandeira e usando a mesma imagem de girafas que usamos, lançou um abaixo-assinado na Internet.
Até aí, apesar de achar que a ética que deve pautar as ações das organizações de um movimento foi ferida, não vimos nada de mais.
Não somos donos daquela bandeira, mas como demos início ao movimento e, para o bem da causa, acreditamos que deveríamos ter sido procurados para concatenarmos as ações.
Contudo, o mais grave nesta situação foi quando resolveram participar de uma reunião no interior do zoológico Quinzinho de Barros e sair com uma posição fechada, conforme matéria divulgada pela imprensa, dizendo que se as girafas não viessem de seu ambiente natural e se não fossem compradas, tudo estaria bem. *
Soubemos desta reunião pelos jornais e, aliás, se tivéssemos sido convidados, não nos disporíamos a participar de uma reunião “petit comitê” dentro do zoológico. Sempre preferimos os debates abertos e públicos.
Agindo da forma como agiram, prestaram um desserviço à causa.
Veja-se o resultado:
Imediatamente, o Jornal Cruzeiro do Sul publicou o editorial “Que venham as girafas”!
O vereador que capitania a coleta de assinaturas a favor da aquisição das girafas, sentindo-se fortalecido com o resultado daquela reunião, nem sequer compareceu ao debate público na própria Casa de leis a que pertence.
A impressão deixada foi a de que todos aqueles que desfraldaram esta bandeira capitularam.
Infelizmente, muita gente anda confundindo estes dois grupos, pois, até o logo que utilizam é extremamente semelhante ao do MDDA.
Por isso, esclarecemos:
O MDDA é contra a aquisição das girafas, não importando a origem (savanas africanas, criadouros ou outro zoológico) e o mecanismo utilizado (compra, empréstimo ou barganha).
Apesar de ser importante como fator de estresse para os animais, o fato das jaulas e recintos serem imensamente menores do que o espaços naturais onde habitam, não queremos ficar discutindo as formas de aquisição ou o tamanho das jaulas, nos importa que as jaulas estejam vazias.
Interessa-nos debater o modelo dos zoológicos no Brasil.
Se for para haver zoológico, que este não seja mera “vitrine” – hipopótamos, rinocerontes, girafas e bebês de animais são queridos pelos administradores porque estes animais atraem um grande público.
Que seja voltado para a fauna local com enfoque no resgate de animais vítimas de maus-tratos e aqueles apreendidos do tráfico com a posterior reintrodução em seu habitat. E que a promoção da Educação Ambiental seja um dos principais objetivos.
Esta é nossa posição.