“A Prefeitura de Caeté faz a compra e doa, mensalmente, mais de três toneladas de ração a cães e gatos de famílias carentes, cuidadores temporários e cães em situação de rua em nossa cidade”

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Assim começa a divulgação da postagem da Prefeitura de Caeté dia 09/03/2022 nas redes sociais. Mas, na prática, cães resgatados nas ruas e que vivem em lares temporários de protetoras estão sem ração.

Dia 17/03/22, uma pessoa que dá lar temporário mandou mensagem de WhatsApp para a responsável pela distribuição da ração da Prefeitura de Caeté perguntando “A ração será entregue hoje? Estou sem ração” e a resposta foi:

“Ainda não chegou a ração. Das que estão aqui já estão todas destinadas. Se por acaso sobrar algum pouco ou pacote, te aviso. Daí te falo quando pode vir buscar”.

Dois dias antes ela havia respondido que “iria ver se ia sobrar”.

“Escândalo. Crime”, postou a ONG SGPAN Caeté em suas redes sociais junto com print da conversa.

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A Sociedade Galdina Protetora dos animais e da Natureza de Caeté (SGPAN) enviou hoje, 18/03/22 ofício à promotora Luciana Correa Crawford denunciando toda a situação e mandou também os prints da postagem da Prefeitura e da ONG.

“A Prefeitura de Caeté está deixando sem ração oito cães que eram de rua e estão num lar temporário”, diz o post da ONG que quase todo mês denuncia nas redes sociais que a prefeitura deixa cães sem comida e implora para que a população doe ração.

“Prefeitura de Caeté, onde estão as três toneladas de ração compradas? Quais os critérios usados para definir os cães que recebem e os cães que não recebem ração da prefeitura?”, postou a ONG nas redes sociais dia 15/03/22.

“Por que a prefeitura NÃO MANDA TRÊS DOS 120 SACOS que comprou para os cães do lar temporário?”, diz o post de 18/03/22.

“Quase não conseguimos doações. Ração está cara e as pessoas estão sem dinheiro”, observou uma protetora que sempre tira dinheiro do próprio bolso para comprar ração para não ter que fazer e dar angu para os cães.

Responsabilidade

No começo de fevereiro uma represente da ONG telefonou para a funcionária responsável pela distribuição da ração e pediu o fornecimento de ração para um lar temporário cuja ração havia acabado. Ela simplesmente respondeu: “esses animais que estão neste lar temporário são de responsabilidade da ONG e é a entidade que precisa arrumar ração para eles”. Em mensagem postada nas redes sociais, a ONG questionou:

“Gostaríamos de saber da prefeitura em qual lei consta que animais em situação de rua são de responsabilidade da ONG?”

A ONG fez esta denúncia junto ao Ministério Público.

Mais adiante, na postagem, a SGPAN diz que ela só existe e faz o que faz pelos animais “porque a Prefeitura de Caeté nao faz e nós não temos coragem de deixar os animais sofrendo”.

Fiorino

A mesma funcionária, que respondeu negativamente dia 17/03/22 à pessoa que pediu ração, foi vista esta semana pela cidade dirigindo a Fiorino branca da Prefeitura de Caeté, plotada com caes e gatos, fazendo distribuição de ração.

Os oito cães que vivem neste lar temporário e que não receberam ração da prefeitura foram resgatados doentes nas ruas de Caeté em 2020 e 2021, foram levados para atendimento veterinário, medicados, castrados e vacinados e todas as despesas deles se somaram à dívida de mais de 180 mil reais que a SGPAN acumula numa clínica da cidade.

“Não damos conta de deixar os animais sem socorro. Se depender da Prefeitura de Caeté, todos agonizam e morrem porque nunca fizeram um socorro a um animal. Lutamos para que a prefeitura cumpra as leis e socorra os animais”, disse a presidente da SGPAN ao ressaltar que a ONG não tem dinheiro para comprar ração.