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ONG de Cerquilho (SP) reabilita animais silvestres

23 de janeiro de 2012
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Com o bico quebrado, essa fêmea de tucano não sobreviveria sozinha na natureza. (Foto: Divulgação/ Projeto Gaiola Aberta)

“Quando se fala em maus-tratos contra animais, sempre nos lembramos de cães e gatos. No entanto, não podemos esquecer dos silvestres. Estes não sociabilizados com humanos, e são as maiores vitimas de maus-tratos”, afirma o biólogo Antonio Miranda Fernandes, do Projeto Gaiola Aberta de Cerquilho, interior de São Paulo.
A afirmação foi feita no mesmo dia em que centenas de pessoas saíram às ruas do país, pelo movimento ‘Crueldade Nunca Mais’. De acordo com o biólogo, o tráfico de animais silvestres ocupa o terceiro lugar nas escalas dos tráficos no mundo. Perde apenas para drogas e armas. Anualmente, são retirados da natureza aproximadamente 40 milhões de animais. Só no Brasil, segundo estimativa do IBAMA (O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), são 12 milhões.
Esse crime preocupa ambientalistas. Eles afirmam que, quando se retira animais do habitat natural, ocorre a quebra de uma cadeia. O IBAMA calcula que um caminhão rotineiramente utilizado no tráfico de animais transporta cerca de 1.000 espécimes. Ao longo de um ano, isso tem impacto quase irreversível na fauna.
O biólogo Antonio Miranda Fernandes, afirma que a cada 10 animais silvestres traficados, somente um sobrevive. “Como o índice anual estimado é de 40 milhões de animais traficados, chegamos ao número assustador, ou seja, 36 milhões são mortos durante o transporte. Já os que sobrevivem passam a ter uma vida sofrida vivendo em gaiolas, e na maioria das vezes, em condições precárias e com alimentação errada”, afirma.
O projeto Gaiolas Abertas, criado em 2004, trabalha a reabilitação de animais apreendidos. O objetivo é reinserí-los na natureza. De acordo com o biólogo, em sete anos aproximadamente 1000 animais foram libertados. São répteis, mamíferos e aves.
Mas nem sempre é possível libertar os animais. No abrigo existem hoje 150 animais que não sobreviveriam se soltos. A maioria são aves que sofreram sequelas no transporte ou foram mutiladas para evitar fulgas. O caso mais comum, segundo Antonio, é a quebra das asas. “Os traficantes quebram as asas para que aves não fujam e também para esconder da fiscalização”, comenta.
Na sede do Projeto, é possível verificar animais que sofreram crueldades. Um deles é uma fêmea de tucano que teve uma pata amputada e parte do bico se quebrou. Ela precisa de atenção diária para ser alimentar. Outro caso é uma arara azul com a asa fraturada.
Para o biólogo é preciso repensar a cultura de manter animais silvestres em casa. “Muitas pessoas dizem amar os animais, mas mantêm pássaros em gaiolas, micos presos em correntes, lagartos em aquários. Aí pergunto: isso é amar animais? Sei que esta prática é cultural, mas precisamos mudar esta cultura”, ressalta.
Fonte: G1

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