No último final de semana, ‘ondas gigantes’ pegaram os banhistas de surpresa nas praias do Rio de Janeiro. A ressaca provocada por um ciclone no mar, fez com que as ondas fortes tomassem o calçadão e algumas avenidas próximas. Não é de hoje que percebemos que os oceanos estão mais revoltos, mas o que está causando isso?
À medida que os oceanos sobem e descem, eles exercem forças no fundo do mar abaixo, gerando ondas sísmicas que reverberam por todo o globo. Estes sinais, normalmente associados a sismos, tem se tornado mais intensos nas últimas décadas, refletindo as mudanças climáticas.
Consequências das mudanças climáticas
Os cientistas têm acompanhado a intensificação dessas ondas sísmicas em todo o mundo nas últimas quatro décadas.
Esses dados, aliados a estudos sísmicos oceânicos, de satélite e regionais, mostram um aumento na energia das ondas a longo prazo. E a causa por trás disso pode ser uma consequência do aumento das temperaturas globais e das tempestades que elas trazem.
Os sismógrafos são instrumentos altamente sensíveis que conseguem captar continuamente grande parte dos fenômenos sísmicos, sejam eles naturais como terremotos e erupções vulcânicas ou aqueles causados pelo homem como por exemplo, explosões nucleares.
Os instrumentos também conseguem captar sinais sísmico da água, vento e um tipo de zumbido ininterrupto provocado pelas ondas oceânicas.
Desvendando as ondas
As ondas oceânicas produzem sinais microssísmicos de duas maneiras diferentes. O microssismo secundário, o mais energético dos dois, pulsa em períodos entre oito e 14 segundos e é resultado da interferência de ondas que viajam em diversas direções, criando variações de pressão no fundo do mar.
O microssismo primário, por outro lado, ocorre quando as ondas do oceano empurram e puxam diretamente o fundo do mar. Ele se manifesta como um zumbido constante com períodos entre 14 e 20 segundos, principalmente em regiões com profundidades de água inferiores a cerca de 300 metros.
Um despertar intenso
O estudo analisou dados históricos de intensidade de microssismo primário que datam do final da década de 1980 de 52 locais sismógrafos em todo o mundo. Surpreendentemente, 79% destas estações exibiram aumentos significativos e progressivos na energia ao longo das décadas.
Os resultados são surpreendentes, indicando que a energia das ondas oceânicas médias globais tem aumentado desde o final do século XX, com um aumento médio anual de 0,27%.
Desde 2000, este aumento anual subiu para 0,35%. O tempestuoso Oceano Antártico, perto da Península Antártica, apresenta a maior energia de microssismo, mas o Atlântico Norte registou a intensificação recente mais significativa – uma tendência consistente com o aumento da intensidade das tempestades e dos perigos costeiros.
Uma melodia de mudança
O registro de décadas de microssismo não apenas demonstra o aumento da energia das ondas oceânicas, como também destaca o fluxo e refluxo sazonal das tempestades de inverno entre os hemisférios norte e sul.
Além disso, também registra a influência do crescimento e do recuo do gelo marinho da Antártida, as consequências do El Niño e La Niña e os seus efeitos de longo alcance nas ondas e tempestades oceânicas.
Fonte: tecmundo