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MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Onda de calor mais intensa já registrada aconteceu na Antártida, revela pesquisa

Em março de 2022, as temperaturas perto da costa oriental da Antártida aumentaram 39 ºC

25 de setembro de 2023
Redação Um só planeta
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Em março de 2022, as temperaturas perto da costa oriental da Antártida aumentaram 39 ºC acima do normal, tornando-a a onda de calor mais intensa já registrada em qualquer lugar da Terra, de acordo com um estudo da Universidade de Washington. Na época, os pesquisadores que estavam lá usaram shorts e alguns até tiraram a camisa para aproveitar o relativo calor. Cientistas de outros lugares disseram que uma elevação tão alta naquela região do mundo era impensável.

“Ficou muito evidente que foi um evento notável”, disse Edward Blanchard-Wrigglesworth, cientista atmosférico e autor do estudo, ao Washington Post. As temperaturas em março, começo do outono no continente, ficam normalmente em torno de -54 ºC na costa leste, perto do Domo C. Em 18 de março de 2022, as temperaturas atingiram um pico de -10 ºC, que é mais quente do que a temperatura mais quente registrada durante os meses de verão naquela região.

Investigando como e por que uma onda de calor tão inimaginável poderia ter ocorrido, especialmente numa época do ano em que há menos luz solar, os pesquisadores descobriram que o calor extremo faz parte, em grande parte, da variabilidade natural da Antártida, embora o aquecimento do clima tenha tido algum efeito.

Tudo começou com ventos incomuns. Normalmente, os ventos sopram de oeste para leste em torno da Antártica, isolando o continente e garantindo que ele permaneça frio. Porém, os ventos serpentearam e permitiram que uma massa de ar quente do sul da Austrália se deslocasse para a Antártida Oriental em apenas quatro dias. Os ventos do norte também trouxeram muita umidade, gerando neve, chuva e derretimento significativos na costa leste do manto de gelo.

Grandes oscilações climáticas não são completamente incomuns nas regiões polares, segundo o estudo. Numa análise de dados de estações meteorológicas globais e simulações de computador, a equipe descobriu que as maiores mudanças de temperatura em relação ao normal ocorrem em latitudes elevadas, onde há mais ar frio para remover perto do solo. Normalmente, o ar fica mais frio na parte superior da atmosfera, mas em alguns lugares – como em altas latitudes com muita neve e gelo – ar mais frio está perto do solo e ar mais quente, acima dele, o que é chamado de camada de inversão. Aí, a massa de ar quente pode deslocar o ar frio e criar um clima quente, geralmente durante ou próximo ao inverno, quando as camadas de inversão são mais fortes.

O papel das alterações climáticas ainda está sendo investigado, embora o novo estudo afirme que a atmosfera mais quente não tenha tido uma grande influência no aumento das temperaturas – os cientistas descobriram que as mudanças climáticas aumentaram a onda de calor em apenas 2 ºC (até o fim do século, esse aumento pode ser de mais 5 ou 6 ºC).

Mas as alterações climáticas podem ter tido outro efeito que os modelos não testaram, como o efeito nos ventos anômalos que trouxeram a massa de ar quente para o continente. As chuvas tropicais incomuns nas semanas anteriores criaram um padrão de circulação atmosférica que nunca foi observado antes, levando ao calor extremo.

Segundo Blanchard-Wrigglesworth, mais ondas de calor como esta na Antártida, num mundo mais quente, poderiam ter efeitos terríveis na camada de gelo. “Se você adicionar mais cinco ou seis graus a isso, começará a chegar perto do ponto de fusão”, desencadeando “alguns impactos que talvez não tivéssemos no nosso radar”, disse.

Fonte: Um Só Planeta

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