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HABITAT INÓSPITO

Onda de calor contribuiu com morte de 7 mil baleias em 10 anos no Pacífico

15 de março de 2024
2 min. de leitura
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Foto: Craig Murdoch

Durante o século 20, as populações de baleias-jubarte (Megaptera novaeangliae) da região norte do Oceano Pacífico diminuíram significativamente devido à pesca comercial. Em 1976, a prática foi proibida e o número de baleias voltou a aumentar. No entanto, houve uma queda abrupta a partir de 2012 – e, conforme sugerem pesquisadores, ela está relacionada às mudanças climáticas e a uma onda de calor massiva.

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A quantidade de baleias-jubarte do Pacífico Norte saltou de 16.875 em 2002 para 33.488 em 2012. Depois, de 2012 para 2021, foi observado um declínio de cerca de 20% na população: aproximadamente 7 mil indivíduos morreram, conforme relatam os cientistas em artigo da revista Royal Society Open Science publicado em 28 de fevereiro.

Tais dados foram obtidos pela plataforma Happywhale, que reúne centenas de milhares de fotos de baleias do mundo todo. Qualquer pessoa, mesmo que não seja pesquisadora, pode contribuir com imagens.

Após serem enviadas para o projeto, as fotos são submetidas a ferramentas de inteligência artificial, permitindo registrar individualmente as baleias a partir das formas e dos padrões únicos de cada indivíduo. Em seguida, os dados são conferidos por cientistas. Este tipo de trabalho possibilita o acompanhamento de populações ao longo dos anos.

A redução populacional de baleias-jubarte vista de 2012 a 2021 coincidiu com uma onda de calor marinha considerada massiva, que ocorreu entre 2014 e 2016. Chamada de “The Blob”, ela aqueceu as águas do leste do Pacífico e ganhou o título de onda de calor marinha mais forte já registrada.

Os pesquisadores acreditam que este fenômeno tenha sido responsável por perturbar o ecossistema marinho e, assim, diminuir a quantidade de alimentos para as baleias-jubarte – e também para outros animais.

“Foi definitivamente um evento de mortalidade incomum”, afirma o biólogo Ted Cheeseman, que liderou o estudo. “Baleias-jubarte são flexíveis, dispostas a mudar de krill para arenques ou anchovas para salmão. Mas quando a produtividade de todo o ecossistema cai, isso realmente as afeta”, ele explica ao The Guardian.

Além de morrer de fome, as baleias podem ter sido impactadas simplesmente pela perda de peso – algo que as torna mais suscetíveis a doenças e ainda dificulta a reprodução da espécie.

Diante desse cenário, Cheeseman destaca que, embora a ameaça da caça comercial de baleias tenha diminuído, a crise climática surge como outro fator prejudicial a estes animais marinhos (que, inclusive, se soma a problemas como colisões com navios e emaranhamento em equipamentos de pesca). “Estamos sob o risco de termos oceanos menos produtivos por causa das mudanças climáticas, e isso também é responsabilidade nossa”, ele declara em comunicado da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA (NOAA).

Fonte: Galileu

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