A Espanha enfrenta uma onda de calor em plena primavera que fez com que peixes precisassem ser resgatados do rio Onyar, localizado em Girona. Ele está praticamente seco e as autoridades temiam a morte dos animais por causa do baixo nível de oxigênio. Em Sevilha, um cavalo morreu a luz do dia enquanto puxava uma carruagem, por causa das altas temperaturas, algo típico para o mês de abril. As secas provocadas pela temperaturas elevadas traz graves consequências econômicas, com colheitas já perdidas e possíveis cortes no abastecimento de água. Contudo, esse é um problema que acontece desde janeiro de 2022, o que dificulta a irrigação dos cultivos do país, que pediu ajuda à Comissão Europeia para aliviar uma situação que está sendo agravada nestes dias pela falta de chuva e altas temperaturas.
Na terça-feira, 25, governo espanhol pediu à Comissão Europeia que ative a “reserva de crise” da Política Agrícola Comum (PAC) para ajudar agricultores afetados pela seca histórica que ameaça suas colheitas. “Entendemos que existe uma circunstância excepcional” que exige “uma pronta reação da Comissão Europeia”, justificou o ministro da Agricultura espanhol, Luis Planas, na coletiva de imprensa após o conselho de ministros. A “reserva de crise” da União Europeia, destinada a responder a incidentes nos mercados agrícolas, é avaliada em 450 milhões de euros (R$ 2,5 bilhões, na cotação atual). Paralelamente ao pedido, o governo espanhol anunciou no mesmo dia uma série de benefícios fiscais aos agricultores do país. Entre eles, a redução de 25% no imposto sobre a renda, o que deve beneficiar 800 mil profissionais
Espera-se que na sexta-feira, 28, as temperaturas atinjam mais de 32 graus Celsius em grande parte do país e até 40 graus no sul, na região da Andaluzia. O recorde de temperatura neste mês de abril na Espanha foi batido em 2011 na cidade de Elche, com 38,6 graus, de acordo com um porta-voz da Agência Meteorológica Espanhola (Aemet), que ressaltou que ainda não se atingiu o “ponto alto deste episódio”, com um aumento significativo das temperaturas diurnas que deve levar a novos recordes. De acordo com a Coag, o principal sindicato agrário, 60% das terras cultiváveis na Espanha estão atualmente “asfixiadas” pela falta de chuvas, o que causou “perdas irreversíveis em mais de 3,5 milhões de hectares de cereais de sequeiro”. Os dados da Aemet destacam essa falta de chuva, com 12 litros por metro quadrado medidos na Espanha de 1 a 23 de abril, apenas um quarto do normal. O Ministério de Transição Ecológica diz que os reservatórios do país – que armazenam a água da chuva para uso nos meses mais secos – estão com apenas 50% de sua capacidade, chegando a um quarto em algumas áreas, como a Catalunha (nordeste).
É muito provável que o mês termine com temperaturas recordes e com o abril mais seco da série histórica na Espanha, de acordo com a Aemet, cujos especialistas destacam que, devido à “sua intensidade e natureza precoce”, esse episódio de calor se enquadra no que está sendo observado como os efeitos da mudança climática. Segundo a ONU, cerca de 75% do território espanhol está atualmente em processo de desertificação devido às mudanças climáticas. Esta situação coloca em risco o setor agrícola, um dos grandes pilares da economia espanhola, que utiliza 80% da água do país.
Fonte: Jovem Pan