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Onças-pintadas são mortas por caçadores e seus corpos traficados para a China

25 de novembro de 2017
3 min. de leitura
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O parque é também o lar das onças-pintadas, que perderam seu habitat florestal para fazendas, a terras agrícolas e à exploração madeireira. Além disso, os animais são frequentemente mortos por fazendeiros ou por pessoas que têm medo deles (mesmo que raramente ataquem seres humanos). Agora, eles enfrentam uma nova ameaça: a caça para o comércio de animais selvagens.

Foto: Steve Winter

Funcionários dos correios encontraram centenas de dentes de onças traficados para a China. Em processos judiciais separados, dois homens chineses estão sendo julgados por acusações relacionadas ao tráfico da espécie. Já nas cidades do Norte da Bolívia, as rádios divulgam anúncios de homens com sotaques chineses que querem comprar partes de onças-pintadas da população local.

Há anos, a caça das onças, além da compra, venda e até mesmo posse de partes dos animais, é ilegal na Bolívia. O comércio de partes dos animais nas fronteiras internacionais também é. Porém, na Bolívia, muitas vezes é fácil sair impune, já que a aplicação da lei é fraca e o preço dos dentes dos animais é alto: às vezes cada um custa de US$ 100 a US$ 200.

“As pessoas enxergam isso como uma forma de ganhar dinheiro. Elas sabem que não terão problemas”, diz Nuno Negrões Soares, um biólogo que possui uma organização boliviana de proteção animal.

A demanda da China por onças-pintadas parece estar em ascensão, já que as partes dos corpos de tigres – especialmente os dentes, utilizados como joias ou como uma proteção contra o mal – são cada vez mais difíceis de encontrar porque os felinos estão em extinção.

De acordo com a National Geographic, os investimentos chineses e as ofertas de infraestrutura feitas em parceria com a Bolívia geraram um influxo de trabalhadores chineses, contribuindo para as atividades ilegais, incluindo o tráfico de onças-pintadas, de acordo com Anaí Holzmann, protetora dos animais na Bolívia.

Foto: Christian Rodriguez

“Os trabalhadores sabem que podem ganhar um dinheiro adicional comercializando animais selvagens para a China. Eles fazem isso, às vezes, com a ajuda de bolivianos e, em outras, com a de chineses, como proprietários de restaurantes e casas noturnas”, afirma.

A polícia local, os investigadores da polícia estadual e o Ministério Federal do Meio Ambiente possuem autoridade para reprimir esse comércio nas cidades em todo o país. Oficiais bolivianos dizem que é importante acabar com o comércio de onças-pintadas, mas, até agora, os esforços têm sido dispersos e ineficazes, segundo ativistas, cientistas e funcionários do governo.

“Acredito que os esforços do governo não são suficientes. Os interesses políticos são postos em primeiro lugar. Parece que a prioridade é manter boas relações entre a Bolívia e a China”, critica Angela Nuñez, bióloga que trabalhava para o Departamento Boliviano da Biodiversidade, particularmente no tráfico de onças-pintadas.

Em 2014, a polícia encontrou cabeças e dentes de onças-pintadas na residência de Yan Yixing, um cidadão chinês conhecido como Javín. Ele permaneceu livre sob fiança durante três anos após sua prisão e seu julgamento foi adiado inúmeras vezes. Em Setembro, o julgamento continuou. Ele foi condenado e agora está fazendo uma apelação.

Os biólogos dizem que não é tarde demais para salvar as onças-pintadas na Bolívia, estimadas entre quatro mil e sete mil. Entretanto, isso exige um esforço sustentado e coordenado pelo governo, além da colaboração com as empresas chinesas para a continuidade dos processos judiciais.

Por enquanto, o tráfico de um dos animais mais icônicos da América do Sul continua sendo um negócio lucrativo e de baixo risco.

 

 

 

 

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