Uma nova onça-pintada foi descoberta pelo fotógrafo Henrique Olsen durante uma expedição no Pantanal mato-grossense. O animal, que recebeu o nome de “Bia”, em homenagem à Beatriz Souza, primeira brasileira a conquistar uma medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris 2024, foi avistado no Rio Piquiri, no Parque Estadual Encontro das Águas, uma das áreas mais ricas em biodiversidade do Brasil e que possui a maior concentração de onças-pintadas no mundo.
Henrique explicou que, após o registro, enviou as imagens ao Jaguar Identification Project — programa de monitoramento de onças no Pantanal — para que a jovem fêmea, que está grávida, fosse catalogada.
“A gente estava numa dessas expedições e visitou essa onça aí e conseguimos fotografá-la. Foi bem bacana”, comentou Henrique que cedeu as imagens com exclusividade para o GLOBO.
Ele também explicou que quem encontra uma nova onça e a fotografa tem o direito de dar um nome ao animal.
“A gente tem o direito de nomeá-las quando a gente acha uma nova onça e fotografa e envia para o projeto de identificação de onças aqui da região. A gente pensou em dar o nome de Bia, em homenagem à Bia Souza, que foi a primeira brasileira a conquistar uma medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris 2024. Acho que mais do que merecido ela ter uma homenagem referente à espécie bandeira do Brasil, que é a onça-pintada”, contou Henrique.
A judoca Beatriz Souza, de 26 anos, garantiu a primeira medalha dourada, na sua estreia nas Olimpíadas, na sexta-feira. Bia ainda se tornou a primeira brasileira debutante campeã olímpica em provas individuais.
A onça foi oficialmente catalogada pelo Projeto Jaguar Identification, que é responsável por monitorar e estudar o comportamento das onças-pintadas na região de Porto Jofre.
O projeto, fundado pela zoóloga americana Abigail Martin, começou oficialmente em 2015, embora os estudos na região tenham iniciado em 2013.
“O objetivo é compreender profundamente a vida ‘secreta’ das onças-pintadas, mapeando suas linhagens e relacionamentos de forma totalmente não invasiva. Observamos as onças em seu habitat, sem capturá-las ou utilizar colares de rádio, permitindo entender como eventos como secas extremas e incêndios impactam a população de onças no Pantanal”, explicou Abigail.
Além de estudar as onças, o Projeto Jaguar Identification busca integrar o turismo ao trabalho de pesquisa como uma forma de ciência cidadã.
“Todo ano fazemos um livro com todas as onças vistas no ano anterior, e o turista pode comprar esse livro nas pousadas. Os guias podem usá-lo para contar a história de vida de cada indivíduo, de modo que seja realmente abrangente para todos”, acrescentou.
Ela também destacou que o projeto já catalogou 385 onças diferentes, tornando-se um dos maiores bancos de dados sobre onças do mundo.
O reconhecimento das onças na região é feito através das manchas em seus rostos, que funcionam como impressões digitais únicas para cada indivíduo.
Fonte: O Globo