Não tá fácil nem para as onças-pintadas. Um registro inédito feito pelas armadilhas fotográficas do Onçafari flagraram o felino se refugiando em uma toca de tatu-canastra. As imagens resultaram no artigo científico traduzido como “Onças subterrâneas: primeiro registro de uma onça-pintada (Panthera onca) utilizando uma toca de tatu gigante (Priodontes maximus)”.

A pesquisa foi feita pelos cientistas do Onçafari Carlos E. Fragoso e Taile ES Nascimento, com co-autoria de Arnaud LJ Desbiez, do Icas (Instituto de Conservação de Animais Silvestres), de Campo Grande. Os pesquisadores contaram com o apoio da Pousada Trijunção.

O animal documentado pela primeira em uma toca de tatu-canastra buscou refúgio térmico no Parque Nacional Grande Sertão Veredas, no Cerrado, de Minas Gerais. As imagens foram feitas em julho de 2023, quando o mundo enfrentava ondas de calor. O material só foi divulgado agora, por conta da publicação do artigo científico.

No resumo do artigo científico os pesquisadores afirmam que ‘as tocas são ótimos refúgios térmicos que proporcionam microclimas mais frios e protegidos’. Por conta da elevação da temperatura no planeta, as tocas do tatu gigante podem se tornar mais importantes durante os períodos diários e sazonais de calor extremo, funcionando como uma espécie de ‘ar-condicionado natural’.

Engenheiro ecológico – O Projeto Tatu-canastra do Icas surgiu com a necessidade da conservação desta espécie tão rara. Começou em 2010 no Pantanal de Mato Grosso do Sul e desde então vem avançando os estudos em relação a esse animal tão importante que está ameaçado de extinção.

O animal tem um papel importante no ecossistema e é considerado um ‘engenheiro ecológico’. Em Mato Grosso do Sul, as armadilhas fotográficas já identificaram mais de 100 animais vertebrados usando a toca do tatu e 300 invertebrados, mas nunca uma onça. Por isso o flagrante é tão especial.

Fonte: Campo Grande News