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LIBERDADE

Onça-pintada resgatada no meio do Rio Negro é devolvida à natureza

Primeiro caso de resgate, reabilitação e devolução da espécie à natureza na Amazônia

24 de novembro de 2025
4 min. de leitura
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Foto: Joedi Porto e Antonio Humberto/Seped

A onça-pintada resgatada no meio do Rio Negro, em outubro deste ano, foi devolvida à natureza após uma megaoperação. A ação começou às 6h do dia 09 e foi concluída no dia 10 de novembro, marcando um feito inédito na Amazônia.

O animal adulto, de aproximadamente 4 anos e 54 quilos, foi baleado e atingido com 37 projéteis de espingarda na cabeça, pescoço e nariz, voltou à natureza no último dia 9 de novembro, após passar por um processo inédito de resgate, tratamento e reabilitação no Amazonas. O felino, que ainda perdeu um dente devido aos ferimentos, tornou-se o primeiro exemplar selvagem da espécie no estado a ser tratado em ambiente hospitalar por veterinários e, posteriormente, reintegrado à selva.

A onça foi encontrada nadando exausta no Rio Negro, quando foi resgatada por agentes da Polícia Ambiental do Amazonas. Mesmo ferida, o animal não ofereceu resistência, devido ao estado de cansaço. Ela foi encaminhada ao Centro de Acolhimento da Vida Silvestre, em Manaus, onde recebeu os primeiros cuidados.

Após as cirurgias para retirada dos projéteis e estabilização dos ferimentos, a onça foi transferida para o zoológico do Tropical Hotel, onde permaneceu sob o cuidado de veterinários. Segundo os profissionais, havia a suspeita de que os projéteis tivessem comprometido a visão do animal, hipótese descartada após a recuperação.

Durante a reabilitação, a equipe introduziu carne de caça e até presas vivas, para garantir que o felino não perdesse seu instinto natural de sobrevivência.

O processo de soltura exigiu uma operação especial. A onça foi sedada, colocada em uma caixa de transporte especialmente preparada e levada de helicóptero até uma unidade de conservação ambiental na região do Rio Negro. A viagem marcou o início de um novo ciclo para o felino.

Ao ser solta a onça permaneceu dentro da caixa de transporte por alguma horas, observando silenciosamente o ambiente ao redor antes de se deslocar. O comportamento foi considerado natural: um período de reconhecimento do novo território.

A ação envolveu médicos-veterinários, biólogos, pesquisadores e técnicos de imagem. A equipe precisou acampar na mata para garantir a liberação do animal em plenas condições de segurança, conforme orientações dos profissionais envolvidos. É importante ressaltar que o felino foi entregue à natureza após 40 dias de resgate.

A onça foi sedada por veterinários especializados e transportada em uma caixa confeccionada especialmente para a operação. Após ser liberado, o animal retornou de forma segura ao ambiente natural, onde continuará sendo monitorado por especialistas. O animal foi levado de helicóptero até uma comunidade em Novo Airão e, de lá, transportada de barco até o local de soltura, escolhido tecnicamente para garantir que o animal pudesse viver em segurança, longe da população. Esse é o primeiro caso de resgate, reabilitação e devolução da espécie à natureza na Amazônia.

Esse é o primeiro caso registrado de um felino da espécie Panthera onca resgatado, tratado e reintroduzido em seu habitat natural na região.

Monitoramento e reintrodução

Antes da soltura, a onça-pintada recebeu uma coleira de radiomonitoramento no dia 4 de novembro de 2025, durante exames que confirmaram seu bom estado de saúde. O equipamento foi cedido pelo Instituto Onça-Pintada (IOP), de Goiás, por meio do biólogo e fundador da instituição, Leandro Silveira.

Para garantir a adaptação e avaliar sua recuperação total, o colar de monitoramento emite sua localização. O acompanhamento será feito pelos próximos dois anos, tempo estimado de duração da bateria do equipamento.

Daqui a um ano, os mesmos pesquisadores que participaram da reabilitação devem localizar a onça em meio à floresta para avaliar seu estado geral e ajustar o monitoramento, se necessário.

A onça-pintada é o maior felino das Américas e espécie-chave para o equilíbrio ambiental. O resgate e a devolução bem-sucedida desse exemplar representam um marco para a conservação no Amazonas. Órgãos ambientais destacam que o monitoramento em tempo real deve enriquecer estudos sobre comportamento, deslocamento e sobrevivência da espécie na região.

O resgate e a reintrodução representam um marco para a conservação da fauna amazônica.

Relembre o caso

O animal foi encontrado no Rio Negro enquanto tentava se deslocar de Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus) para a capital amazonense, após ser atingido por diversos disparos de chumbinho. A ação de resgate contou com o apoio da Companhia Ambiental Fluvial do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPAmb) da Polícia Militar do Amazonas (PM-AM).

36 estilhaços foram encontrados no rosto do felino, que precisou passar por atendimento veterinário de urgência para sobreviver.

Após os primeiros cuidados, a onça foi encaminhada, com autorização do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), para o antigo zoológico do Tropical Hotel, em Manaus. Durante o período de reabilitação, o animal recebeu acompanhamento constante até apresentar condições adequadas para o retorno à natureza.

Fonte: D24am

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