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INVESTIGAÇÃO

Onça-pintada importante para recuperação da espécie desaparece na Argentina; a suspeita é de caça

10 de novembro de 2025
3 min. de leitura
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Foto: Rewilding Argentina

A Administração de Parques Nacionais (APN) confirmou o dano intencional no sistema de rádio colar de Acaí, uma onça-pintada fêmea liberada em outubro no Parque Nacional El Impenetrable, na região do Chaco, Argentina. O dispositivo foi encontrado submerso no rio Bermejo, e desde então não há sinais do animal.

As evidências sugerem a possível participação de terceiros, por isso foi dada intervenção à justiça e às forças de segurança. O fato representa um golpe severo para o programa de reintrodução do maior felino da América do Sul no norte argentino.

Acaí havia sido liberada como parte de um projeto conjunto entre a APN, a Província do Chaco e a Fundação Rewilding Argentina, com o objetivo de recuperar uma população reprodutiva na região, onde não se registravam fêmeas selvagens desde a década de 1990.

O valor ecológico de Acaí no ecossistema chaqueño

A presença de Acaí representava um avanço histórico na restauração do equilíbrio natural de El Impenetrable. Seu retorno simbolizava a possibilidade de restabelecer o papel da onça-pintada como predador de topo, essencial para manter o controle das espécies herbívoras e promover a regeneração das florestas.

O monitoramento satelital, através de colar GPS e VHF, permitia seguir seu deslocamento e adaptação ao ambiente. Nas primeiras semanas após sua liberação, Acaí havia se movido para a zona de Los Manantiales, onde permanecia sob observação técnica.

Seu desaparecimento não só interrompe um acompanhamento científico chave, mas também ameaça o futuro da população reintroduzida, atrasando anos de esforços para assegurar a permanência da espécie no Grande Chaco.

Implicações do fato e desafios para a proteção

O sabotagem ao colar de Acaí destaca os riscos persistentes que enfrenta a fauna silvestre protegida, mesmo dentro de áreas nacionais. Esses atos comprometem o trabalho de restauração ecológica e expõem a vulnerabilidade dos programas de reintrodução frente a conflitos humanos e falta de controle territorial.

O caso também evidencia a necessidade de reforçar a vigilância, a educação ambiental e a articulação interinstitucional, para garantir a segurança dos exemplares liberados. Sem um ambiente social que valorize a proteção, os avanços científicos e técnicos são insuficientes.

Este incidente serve como chamado de atenção sobre a convivência entre comunidades, pecuária e fauna silvestre, assim como sobre a urgência de fortalecer políticas de proteção efetiva e sanções exemplares diante do dano a espécies em perigo.

O estado de proteção da onça-pintada na Argentina

A onça-pintada (Panthera onca) é uma espécie em perigo crítico de extinção na Argentina e está protegida pela Lei Nacional N.º 25.463, que a declara Monumento Natural Nacional. Sua caça, dano ou posse são crimes ambientais graves.

Atualmente, estima-se que restam menos de 250 exemplares selvagens em todo o país, distribuídos principalmente nas florestas de Misiones, no Chaco e nas yungas do noroeste. A fragmentação do habitat, a caça furtiva e os conflitos com atividades pecuárias continuam sendo as principais ameaças.

O projeto de reintrodução em El Impenetrable é uma das poucas estratégias ativas na América do Sul orientadas a reconstruir populações funcionais de grandes felinos, buscando reequilibrar ecossistemas degradados e recuperar a biodiversidade chaqueña.

Continuar o caminho para uma recuperação possível

Apesar do impacto deste fato, a APN e as organizações associadas reafirmaram seu compromisso com a continuidade do programa de restauração e o fortalecimento da proteção da biodiversidade chaqueña.

Acaí simboliza anos de trabalho conjunto entre cientistas, guardaparques e comunidades locais. Sua perda ou desaparecimento constitui um golpe emocional, mas também uma motivação para intensificar os esforços de proteção e vigilância na região.

O futuro da onça-pintada na Argentina depende de um compromisso coletivo que una ciência, justiça e educação ambiental. Proteger esses felinos é proteger o equilíbrio das florestas, dos rios e da própria vida em um dos ecossistemas mais valiosos e frágeis do país.

Fonte: Noticias Ambientales

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