Surya e seu filhote Jerônimo foram flagrados trocando carinhos no Pantanal de Mato Grosso do Sul. O registro foi feito pelo fotógrafo Lucas Morgado, no Refúgio Ecológico Caiman, e publicado pela Organização não governamental (ONG) Onçafari, nesse sábado (8).
Nas imagens feitas por Lucas, é possível ver mãe e filho em um momento de carinho e, na postagem, a ONG chega a brincar que o momento é de muitos “lambeijos”.
Os animais também não se importam com a aproximação humana e, conforme o biólogo do Onçafari, Fabio Souza da Silva, isso se da por causa da habituação.
“Os animais passam a entender que os veículos na área não é ameaça para eles, pois tem um limite de velocidade e cuidado na aproximação, em relação aos animais. Então, eles passam a ficar tranquilos e a tolerar a nossa presença. Isso facilita avistarmos em vida livre. E ressaltando que a habituação não é domesticar o animal. Ele continua sendo 100% selvagem”.
Segundo Fabio, os “lambeijos” que as mamães onças-pintadas dão nos filhotes é por conta da limpeza.“Elas têm sim esse cuidado parental com os filhotes, limpeza para manter eles limpos”.
Nas imagens é possível ver um colar que, conforme explica o Fábio, servem para monitorar e identificar os felinos.
“O rádio colar ajuda em nosso trabalho de habituação, pois todos os dias o colar nos manda pontos de gps por onde o animal circulou então com a coordenada vamos até o local de carro para tentar avistá-los. Então nós começamos a ver o mesmo indivíduo por várias vezes até que o carro fique um objeto neutro na paisagem para as onças onde ela não vai fugir da nossa presença e nem se sentir atraida, pois não é utilizado nenhum tipo de atrativo”.
De acordo com Fabio, ao longo de 11 anos, eles já identificaram mais de 200 onças-pintadas na fazenda Caiman, na região de Miranda. Atualmente, tem 3 onças monitoradas com o rádio-colar no Refúgio Ecológico.
Relação maternal entre felinos
As onças-pintadas fêmeas permanecem com os filhotes até que eles completem aproximadamente um ano e meio, explicam os especialistas. “Depois de um ano e meio, o filhote desgarra e aí passa a se virar sozinho”, detalha o biólogo Paschoal.
Durante este período, a fêmea ensina o filhote como sobreviver na floresta, além de protegê-lo. Neste tempo, é comum a troca de afeto entre mãe e filhote.
“Em geral, as fêmeas quando estão com filhotes são carinhosas do jeito que a Fera foi. Então, ela vai cuidar do filhote, vai ensinar o filhote”, pontua o biólogo.
Após um ano e meio, em geral, o felino está pronto para viver sozinho. A partir de então, os encontros com a mãe podem não ser tão afetuosos quanto durante a infância.
“Quando ele se encontra com a mãe depois de adulto, varia muito da situação. Pode ser que seja uma coisa mais amigável, pode ser que role um pouco de agressividade”, destaca Paschoal.
O biólogo cita um registro impressionante feito das onças-pintadas Gatuna e Hakuna, também no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Diante de uma carcaça, mãe e filha rosnaram agressivamente uma para a outra.
Por mais que elas não tenham chegado a ter um confronto físico, elas estavam rosnando uma para outra, mas acabaram se alimentando da mesma carcaça. Então, varia muito da situação, se tem muita comida, pouca comida, o que as onças estão fazendo, se elas só estão andando de um lado para o outro”, comenta o profissional.
Paschoal ainda destaca que se a fêmea já estiver com um novo filhote, pode ser que a situação não seja tão amigável. “Se mãe e filhote se encontrem na natureza, pode ser que se tenha uma interação agressiva, pode ser que não. Se for uma mãe com o filhote, tem chance dela ficar mais agressiva quando a filha que já desgarrou”, explica.
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Fonte: G1