Embora os dois possam ser encontrados na caatinga, um é mais visto na floresta amazônica, enquanto o outro só existe mesmo no árido bioma do Nordeste brasileiro. Um é o maior felino das Américas, com 2,5 metros e às vezes mais de cem quilos. Já o outro mal passa dos 70 centímetros e pesa no máximo 900 gramas.
Mesmo diferentes na escala, ambos chegam juntos às bancas neste domingo, dia 26, nos dois primeiros volumes da Coleção Folha Fauna Brasileira para Crianças. O primeiro é todo dedicado à onça-pintada, e o segundo apresenta a arara-azul-de-lear. Nessa estreia, os livros serão vendidos juntos, pelo preço de um só, por R$ 22,90.
Os números da onça impressionam. Sua mordida, a mais poderosa dos felinos, é resultado de uma arcada de 28 dentes –sedentos por rasgarem a carne das cerca de 80 espécies caçadas pelo animal, sobretudo antas, jacarés, quatis, tatus e capivaras. Esses dados são apresentados no título na forma de almanaque, cheio de fotografias e textos curtos espalhados pelas páginas.
“Mas a ideia não é fazer só uma ficha biológica, dizendo que a onça é um carnívoro, vive em todos os biomas e mede tanto. A gente quis ampliar o assunto e abordar questões de sustentabilidade, cultura e conservação”, afirma Rodrigo Pires, consultor técnico da coleção.
No primeiro volume, feito com a colaboração da Associação Mata Ciliar, o diagnóstico não é bom. A onça-pintada está classificada como espécie quase ameaçada, restando menos de mil delas no Pantanal e uma população que nem chega a 300 na caatinga, na mata atlântica e no cerrado.
Cenário ainda menos promissor vive a arara-azul-de-lear, tema do segundo livro da coleção. Pouco mais de 2.000 aves dessa espécie batem asas na natureza, apenas na caatinga e em duas regiões específicas: o Raso da Catarina e o Boqueirão da Onça, ambas na Bahia.
Lá, elas fazem seus ninhos nos buracos dos paredões rochosos, se protegem dos ataques da águia-chilena, comem frutos de baraúna, mandacaru e facheiro e se refrescam do calor, que pode passar dos 40 ºC, com a água encontrada dentro do coquinho da palmeira de licuri.
Apesar de ter sido descrito no século 19, o animal é tão raro que só foi descoberto na natureza em 1978. E hoje está seriamente ameaçado de extinção, principalmente por causa do tráfico.
Mas há esperança. Uma parente sua viveu cenário parecido recentemente –a arara-azul-grande, que hoje voa pelos céus do Pantanal, foi salva do desaparecimento pelas ações do Instituto Arara Azul. A prima sertaneja ainda corre sérios riscos, mas é monitorada por outra organização, o Grupo de Pesquisa e Conservação Arara-Azul-de-Lear, que colabora com o segundo volume da coleção.
Fonte: Folha de SP