A onça-pintada capturada na madrugada de quinta-feira (24/04), após reação fatal a um caseiro, foi submetida a exames que revelaram um quadro clínico preocupante. A onça, um macho de aproximadamente nove anos e 94 quilos, apresenta desidratação severa e alterações hepáticas, renais e gastrointestinais, segundo avaliação veterinária.
Atualmente, a onça recebe cuidados intensivos no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras), onde permanece debilitada e sob observação. Para um diagnóstico completo, a equipe aguarda resultados de exames complementares, como radiografia, ultrassom e hemograma. Apesar da gravidade, ele já apresenta sinais de recuperação, estando consciente e com comportamento dentro do esperado após a anestesia.
Especialistas apontam que o estado de magreza da onça pode ter causado a busca por fontes alternativas de alimento. “Um indivíduo abaixo do peso pode estar enfrentando dificuldades para caçar presas naturais, o que o leva a procurar recursos mais acessíveis, incluindo a aproximação de humanos”, explicou o biólogo Tiago Leite.
O caso tem gerado repercussão, mas biólogos alertam para os riscos da desinformação. “Eventos como esse, por serem traumáticos, acabam alimentando medo e especulações, o que pode resultar em ações violentas contra a espécie”, destacou Leite, reforçando a importância de compreender as causas por trás do ocorrido.
Onças-pintadas não veem humanos como presas, e episódios como esse são um reflexo da degradação ambiental e da escassez de alimentos em seu habitat. Esses felinos, por instinto, evitam contato com pessoas, preferindo caçar animais silvestres.
No entanto, o avanço humano sobre áreas florestais, a caça que reduz suas fontes de alimento e a fragmentação de seu território podem levar indivíduos debilitados ou famintos a buscar alternativas desesperadas. Casos de reação fatal são exceções trágicas, não regra, e reforçam a urgência de preservar ecossistemas equilibrados para evitar conflitos.
Destino sob cuidados humanos
A onça-pintada não será reintroduzida na natureza. De acordo com o Cras, ela será encaminhada a uma instituição especializada, onde poderá integrar o Programa de Manejo Populacional da Espécie, coordenado pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Enquanto isso é decidido, segue recebendo tratamento para recuperar sua saúde.