A onça-pintada (Panthera onca) Jatobazinho foi levada para o Parque Nacional Iberá, na Argentina, como parte de um programa de recuperação da espécie. Segundo a equipe de especialistas do Rewilding Argentina, que viabiliza o projeto, esta foi a oitava onça solta no parque este ano, sendo o primeiro macho adulto.
Jatobazinho foi resgatado em 2018 muito magro e debilitado. O animal atravessou a nado o rio Paraguai e se abrigou em uma escola rural de nome Jatobá, que inspirou seu batismo. Hoje a onça pesa cerca de 90 quilos e tem uma bela pelagem bege com manchas pretas.
A onça-pintada passou mais de um ano em um santuário de recuperação de espécies silvestres no Brasil, quando foi enviado para um centro de reintrodução de onças na natureza que atua desde 2012 na província de Corrientes, no nordeste da Argentina, onde a espécie estava extinta há 70 anos.
Sebastian Di Martino, biólogo da Rewilding Argentina, conta que a onça precisa estar bem e relaxada ao deixar o abrigo para poder ser reintroduzida no seu habitat. “Se o animal estiver estressado, pode ficar desorientado e ir parar em lugares de risco”, explica.
O biólogo ainda disse que estas onças são alimentadas com presas vivas para que não se acostumem ao ambiente de cativeiro. O parque Ibera é um habitat repleto de animais, o que proporciona uma vida natural para esses felinos, que podem caçar veados, por exemplo, para se alimentar. Todas as onças-pintadas têm um chip de GPS para que as equipes possam monitorar as atividades da espécie.
As equipes planejam a soltura de uma fêmea que nasceu em um centro de reintrodução, nos próximos meses. Também há a previsão de libertar mais três onças selvagens do Paraguai, e de outras duas criadas em cativeiro no Uruguai e no Brasil.
As onças são nativas das Américas e estima-se que a população desses animais no século XV fosse de mais de 100.000 indivíduos. Existem espécies que povoam desde as áreas semidesérticas da América do Norte até as florestas tropicais da América do Sul.
Nos últimos 20 anos, grupos de conservação registraram uma queda de 25% na população desses animais, que são seriamente afetados pelas expansões urbanas, desmatamentos e incêndios florestais.