EnglishEspañolPortuguês

Onça Pintada

8 de outubro de 2014
4 min. de leitura
A-
A+

onça

Depois do tigre e do leão a onça pintada (panthera onca), mamífero carnívoro, é o terceiro maior felino do mundo e o maior das Américas. É também conhecida como “jaguar”.
Esse felino solitário alimenta-se principalmente de capivaras, preguiças, coelhos, cobras, sapos, tamanduás, veados, antas, vertebrados de pequeno porte e peixes, pois gosta de água e de nadar. Sua dieta inclui cerca de oitenta e sete espécies de animais. Pode ficar até uma semana sem comer, mas também ingerir 20 kg de carne em um dia. Pesa aproximadamente de 35 a 130 kg e tem em média cerca de 1,80 m (machos) de comprimento. Sua cor é um mesclado de amarelo, castanho, preto e branco, sendo que a onça preta é um caso de melanismo – não confundir com pantera negra, que é um leopardo. Vive de doze a vinte e cinco anos, gerando de um a quatro filhotes por ano. Emite um som forte e grave conhecido como esturro.
A onça pintada está no topo da cadeia alimentar, não sendo predada por nenhum outro animal (só pelo homem), podendo nadar, rastejar e escalar. Tem a mordida mais forte entre todos os felinos, permitindo que perfure a carapaça de tartarugas e a casca dura de répteis, mordida essa capaz de alcançar até 910 kgf – isso é duas vezes a força da mordida de um leão. A onça pintada geralmente mata por sufocamento, com uma mordida no pescoço da presa (sempre se deslocando contra o vento e saltando sobre seu dorso. O nome “jaguar” no dialeto tupi guarani significa “o que mata com um salto” ), mas pode utilizar um método de caça incomum e peculiar: mordendo diretamente com os caninos através do osso temporal do crânio, entre as orelhas, o que atinge o cérebro de uma forma letal.
Infelizmente está seriamente ameaçada de extinção, principalmente pela deterioração de seu habitat por desmatamento e queimadas (para sobreviver ela necessita de um amplo território com disponibilidade de caça e abundantes recursos hídricos), sendo considerada extinta nos Estados Unidos (desde o século XX), El Salvador, Guatemala e Uruguai (existia desde os Estados Unidos até a Argentina).
No Brasil vivia em todas as regiões em florestas tropicais, mas atualmente está restrita à região norte até o leste do Maranhão, partes da zona central e a algumas áreas isoladas das regiões sul e sudeste. No Brasil, o declínio das onças pintadas na mata atlântica foi apontado por um estudo do “Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade”. Esse estudo foi iniciado em 1990, intensificado em 2000 e envolveu trinta pesquisadores. Segundo a “União Internacional para a Conservação da Natureza” esse felino está na categoria criticamente ameaçada.
A onça pintada vem sendo impiedosamente caçada por fazendeiros e agricultores que têm seus rebanhos atacados – culpa deles próprios, que transformam mata nativa em áreas de pastagem e/ ou cultivo, pois a onça só ataca animais domésticos quando não consegue caçar. Assim, as áreas naturais para as onças estão cada vez mais raras. Seu habitat vem vendo alterado e destruído pelo homem. E, lamentavelmente, ela ainda é caçada para fomentar o vil mercado negro de peles, embora sua comercialização seja proibida. Durante os anos 60 e 70, houve o incrível número de dezoito mil onças pintadas abatidas por ano no mundo por causa de sua pele. A implementação da “Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção” em 1973, resultou na diminuição do comércio de peles.
Países nos quais a onça pintada ainda ocorre são (a caça é proibida na maior parte desses países): Belize, Argentina, Bolívia, Brasil (detém cerca de 50% da população de onças pintadas em estado selvagem), Costa Rica, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, México, Honduras, Peru, Panamá, Nicarágua, Paraguai, Venezuela e Suriname. Somente na Bolívia a caça ainda é permitida e a espécie não tem nenhuma proteção legal no Equador e Guiana.
Segundo estudo desenvolvido pelo “Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos e Carnívoros” (CENAP – ligado ao IBAMA), atualmente há menos de duzentas e cinquenta onças pintadas adultas vivendo no Brasil, Paraguai e parte da Argentina. E apenas cinquenta estão em idade reprodutiva. Esse alerta é também de cientistas brasileiros do “Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade” (SISBIOTA) e foi publicado na Revista “Science”.
A onça pintada, como predador do topo da cadeia alimentar, caso desapareça, criará um grande distúrbio no equilíbrio ambiental. No Brasil diversos ecossistemas seriam ameaçados destacando-se o cerrado, mata atlântica e floresta amazônica. Herbívoros, como capivaras e veados, se multiplicariam, destruindo matas e plantas. Seria o fim da mata atlântica, segundo Ronaldo Morato, chefe do CENAP.
Cada animal representa uma peça importante e delicada na harmonia da teia da vida. Todos nós devemos conhecer, proteger e preservar.

Você viu?

Ir para o topo