Apelidado de Piá, o animal silvestre foi encontrado na área rural de Piacatu (SP) com 20 a 30 dias de vida e um ferimento grave em uma das pernas após ter sido atropelado por uma máquina agrícola.
O filhote, atualmente, segue recebendo atendimento no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) da Associação Mata Ciliar de Araçatuba (SP) e, felizmente, voltou a andar.
“Precisamos colocar pinos externos em uma das patinhas. Ele ficou um mês e meio com os pinos. Conseguimos retirá-los no final do ano. O animal tem apresentado uma melhora significativa no andar. Ele não ficou mancando, o que comprova que a consolidação da fratura foi perfeita”, disse Jaqueline, veterinária que cuidou de Piá.
O vídeo abaixo mostra o filhote de onça-parda dando os primeiros passos após ser submetido ao procedimento cirúrgico. Ele foi colocado em um recinto externo para não ter contato com humanos.
“Quando falamos em um felino, ainda mais um filhote, o processo é longo. Ele vai precisar crescer, aprender a caçar e desenvolver todos os instintos que teria na vida livre”, explicou a veterinária ao portal G1.
Segundo informações do portal, não se sabe se o animal será devolvido à natureza, mas a equipe da Associação Mata Ciliar de Araçatuba segue trabalhando para reabilitá-lo.
Jaqueline afirma que “depende muito do desenvolvimento que o felino vai ter daqui para frente, mas é muito gratificante saber que fizemos parte da história do filhote, e que conseguimos dar uma segunda chance”.
Resgate animal
Jorge Bellix de Campos, engenheiro agrônomo e presidente da Associação Mata Ciliar, relatou ao portal G1 que o número de animais resgatados com ferimentos provocados por máquinas agrícolas aumentou nos últimos anos.
Jorge diz que a situação é preocupante, pois os animais são pegos de surpresa.
“Não conheço bem o funcionamento da operação da colheita, mas pelo que ficamos sabendo, os animais não possuem chance. Eles acabam sendo triturados. Além disso, os que sobrevivem ficam órfãos. É muito triste”, conta.
“Infelizmente, o número de animais que acabam morrendo é muito maior. As pessoas trazem os animais e falam sobre os que ficaram mortos. A Mata Ciliar recebe animais dos órgãos oficiais. Eles passam por um processo de atendimento, quarentena, recuperação e reabilitação, para, quando possível, serem devolvidos à natureza”, explica.
Segundo o engenheiro agrônomo, a falta de cuidado e planejamento é um dos motivos que influenciam diretamente no aumento do número de animais atropelados por colheitadeiras.
“Temos uma ocupação de solo que não leva em conta a questão da fauna silvestre. Mesmo com a legislação protegendo, a fauna nunca foi olhada da forma como deveria. Poderíamos diminuir o número de acidentes entendendo a dinâmica da fauna de cada localidade. A construção de corredores biológicos e o melhor planejamento das operações de colheitas podem ajudar. Funcionários poderiam percorrer as áreas de plantações para identificar a presença de animais antes de a colheita ser feita, por exemplo”, finalizou Jorge.