Um filhote de onça-parda resgatado após um atropelamento está sendo tratado com células-tronco no Centro de Atendimento à Fauna Silvestre (CAFS) da UniFil, em Londrina, no Paraná. O tratamento experimental tem como objetivo auxiliar na recuperação da onça, que sofreu sequelas neurológicas.
Socorrido há dois meses, o filhote foi encontrado com ferimentos graves após ser atropelado em uma rodovia nas proximidades de Ribeirão Claro. Recentemente, ele foi submetido a uma cirurgia para receber 10 milhões de células-tronco por injeção peridural aplicada durante o procedimento. A operação foi realizada em parceria com o centro de tecnologia celular animal MEDMEP, de São Paulo.
Antes da cirurgia, as células coletadas de um gato eram mantidas congeladas em São Paulo. “O tratamento de células-tronco em animais selvagens ou silvestres ainda tem muito a ser estudado e pesquisado. Após o resultado deste procedimento a expectativa é utilizar o método em outros animais com problemas de saúde, principalmente articulares, locomotores e alguns tipos de lesões”, explicou à Tribuna da Região a diretora e responsável técnica do hospital veterinário da UniFil, Mariana Cosenza.
Desde então, a onça segue internada, recuperando-se do procedimento e recebendo cuidados dos funcionários do CAFS UniFil, uma iniciativa que visa proteger a fauna silvestre do estado.
“É maravilhoso ver que nossa parceria está dando frutos como este, de um procedimento inovador e que traz chances promissoras de reabilitação da qualidade de vida do animal. Se não fossem os CAFS associados aos hospitais universitários, não conseguiríamos atender a fauna silvestre vitimada de maneira condigna”, comentou a chefe do Setor de Fauna do IAT, a bióloga Paula Vidolin.
Segundo ela, o Paraná é um dos poucos estados que executa parcerias para atendimento à fauna de maneira regionalizada, com convênios firmados com o Governo do Estado. O objetivo dos CAFS é, além de socorrer os animais, devolvê-los à natureza.
No caso do tratamento com células-tronco, o procedimento cirúrgico visa a aplicação de células no órgão que está machucado ou adoecido para que elas assumam o formato das demais células do organismo e promovam a regeneração de tecidos.